Este Blogue pretende ser um Fórum aberto a todos de modo a criar um espaço comunitário para mostrar o que a nossa terra tem de melhor, mostrar o que está menos bem e ser um ponto de discussão sobre assuntos relacionados com o Concelho de Rio Maior. O único interesse deste espaço é dar uma nova voz positiva a Rio Maior e aos Riomaiorenses não havendo nenhuma motivação ideológica, política ou bairrista.
segunda-feira, 28 de março de 2022
Água de Inglaterra em Rio Maior
domingo, 22 de agosto de 2021
A freguesia de Alguber já pertenceu ao Concelho de Rio Maior.
A 26 de Setembro de 1895, com a extinção do concelho do Cadaval, a freguesia de Alguber foi incluída no concelho de Rio Maior. Durou pouco tempo pois retornou ao concelho de Cadaval assim que este foi restaurado, a 13 de Janeiro de 1898.
sexta-feira, 23 de abril de 2021
Ligação ferroviária em Rio Maior, 1874
O caminho de ferro sempre foi muito desejado em Rio Maior.
Chegou a existir em Rio Maior um ramal, mas de carga, devido à Mina do Espadanal.
Pode saber mais sobre esta linha em:
https://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/08/antiga-linha-de-caminho-de-ferro-em-rio.html
No entanto este artigo é sobre um pedido de licença de construção e exploração de um caminho de ferro para mercadorias e passageiros que ligaria a Ponte de Sant’Ana no Cartaxo e o Porto de S. Martinho.
Esta ligação ferroviária estava prevista com paragens na Vila do Cartaxo, Rio Maior, Óbidos e Caldas da Rainha.
O pedido foi autorizado em 26 de fevereiro de 1874.
As condições de autorização estão nas imagens seguintes:
Claro que esta obra nunca foi concretizada.
Curioso é o pedido da licença ter sido feito por Luíz Augusto Palmeirim (imagem no topo deste artigo).
Luíz Augusto Palmeirim
Poeta pertencente à geração ultrarromântica, de nome completo Luís Augusto Xavier Palmeirim, nascido a 9 de agosto de 1825, em Lisboa, e falecido a 4 de dezembro de 1893, na mesma cidade.
Também foi deputado, jornalista, dramaturgo, crítico e tradutor. Proveniente de uma família de militares de alta patente, frequentou o Colégio Militar e tomou parte na rebelião da Maria da Fonte, entre 1846 e 1847, ao serviço da Junta do Porto, contra a ditadura de Costa Cabral.
Foi censor do Teatro D. Maria II desde 1853 e diretor do Conservatório de Lisboa desde 1878 até à sua morte, para além de membro da Academia Real das Ciências e da Sociedade Escolástico-Filomática.
Era conhecido como o mais popular dos nossos poetas.
terça-feira, 20 de abril de 2021
Os Sapateiros de Benedita e a sua relação com Rio Maior
Tendo por base o postal com o endereço de Rio Maior mostrando uma oficina de sapateiro em meados do século passado, decidi investigar um pouco mais.
A pouco mais de dez quilómetros de Rio Maior, em 1950 havia na freguesia da Benedita 750 (setecentos e cinquenta) sapateiros que trabalhavam em 120 oficinas.
Era habitual os sapateiros da Benedita deslocarem-se ao mercado mensal de Rio Maior, alguns de bicicleta, para venderem o seu calçado. No final do mercado tentavam trocar, nas lojas da região, o calçado não vendido por artigos de sapateiro como solas e cabedais. A Feira das Cebolas em Rio Maior servia de montra ao trabalho destes sapateiros que ganhou fama na região.
Em termos históricos é aceite que a influência do calçado nesta região provém do Mosteiro de Alcobaça. Sapateiro era uma das profissões mais representadas nos Coutos de Alcobaça nos séculos XIV e XV. Nos finais do século haveria 26 sapateiros nos Coutos, dois por povoação, excepto em Alcobaça. Devido à fraca qualidade dos solos de Benedita, esta actividade seria um complemento aos parcos rendimentos que provinham da agricultura.
A freguesia da Benedita ganhou ao longo do século XX, o epíteto de “Terra de sapateiros”.
Até meados do século passado as oficinas na em Benedita eram de caris familiar em que o saber passava de pais para filhos. Como é mostrado no postal, junto ao sapateiro havia sempre um velho alguidar de barro para pôr a sola de molho, para a amaciar e poder bater, tornando-a mais concisa e durável.
Durante a Segunda Grande Guerra havia falta de solas e cabedais e por isso, falta de trabalho para os sapateiros. Mas os sapateiros logo se organizaram e clandestinamente este material era transportado no dorso de mulas, vindas de Alcanena pela Serra dos Candeeiros.
Devido ao violento esforço físico exigido, em 1945 é definida a idade mínima de 14 anos para trabalhar neste ofício.
Na década de 60 do século passado a freguesia foi alvo de um projecto de Desenvolvimento Comunitário que tinha por base o associativismo dos sapateiros e se estendia à melhoria das condições de vida de toda a população. O negócio saiu da clandestinidade e foram criadas duas grandes fábricas no âmbito deste projecto. A freguesia passou a ter água canalizada, luz e estradas alcatroadas.
O Pé Descalço.
Durante muito tempo o povo português andou descalço, a pobreza assim o impunha e mais tarde o hábito.
Só a partir dos últimos anos da monarquia é que se tentou reverter esse costume através de manifestos e da proibição da entrada em Lisboa de pessoas descalças, mas sem grandes resultados.
Foi na década de 30 (século XX) que se erradicou das cidades esse costume através dos esforços do governo que decretou a lei nº 12073 em 1928 que publicava:
a) É proibido o trânsito de pessoas descalças na via pública das áreas das cidades, que serão delimitadas por postura municipal;
b) As disposições poderão igualmente ser aplicadas a outras localidades por decisão dos governos civis;
c) A transgressão do disposto será punida com uma multa de $50 a 2$00. A reincidência será punida com o dobro da pena.
Em 1928 a Liga Portuguesa da profilaxia Social criou uma campanha nesse sentido, considerando o uso do pé descalço indecente e anti-higiénico, publicando nessa altura o livro “O Pé Descalço – Uma vergonha nacional que urge extinguir”.
Em 1947 surgiu nova campanha de sensibilização onde se criou também programas de vacinação anti-tétano. Agora o problema já não era tanto a pobreza extrema, mas o hábito de andar descalço.
Estas campanhas continuaram a nível nacional e regional e muitas pessoas foram presas durante 1 ou 2 dias quando eram apanhadas descalças sobretudo nas cidades e nas vilas porque nas zonas mais rurais não havia tanta fiscalização, então viam-se pelos caminhos homens com botas penduradas ao ombro para serem apenas calçadas quando chegassem às vilas ou às cidades.
Todos os anos se realiza no primeiro fim-de-semana de agosto a Festa do Pé Descalço na freguesia de Asseiceira.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021
Sismos em Rio Maior e em Portugal
No passado dia 12 de Fevereiro, às 22h08, ocorreu um sismo de magnitude 3.5 na escala de Richter em Rio Maior.
Este sismo teve epicentro em Rio Maior, mais propriamente em Chãos, nas coordenadas 39.42 N, 8.95 W e a uma profundidade de 20km.
O sismo não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima III/IV (escala de Mercalli modificada) nos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos e Torres Vedras.
Já no dia 18 de Fevereiro ocorreu uma réplica, mas com uma magnitude muito mais pequena, 0,6 na escala de Richter. O epicentro foi quase coincidente com o do sismo do dia 12, 39.40 N, 8.93 W e a uma profundidade de 15km.
Portugal constitui um país de risco sísmico moderado, embora tenha a particularidade de ser susceptível a ocorrências significativas, como mostra a regularidade do seu registo histórico.
A Região de Lisboa e a Região do Algarve estão localizadas na área de maior risco sísmico. A região da Lezíria do Tejo e a Península de Setúbal, localizadas na ‘Falha Inferior do Tejo’, também apresentam elevado risco. Já os Açores e devido à actividade vulcânica e à sua particular localização geográfica fazem das suas ilhas uma das zonas de maior vulnerabilidade.
O registo dos principais sismos por ordem cronológica em Portugal é o seguinte:
63 a.C.
60 a.C.
382
1033
1321, registado em Lisboa
1337, registado em Lisboa
1344, registado em Lisboa
1347, registado em Lisboa
1356, registado em Lisboa com magnitude 8,5 (eR)
1512, registado em Lisboa
1528, registado na Batalha e Alcobaça
26 de janeiro de 1531, registado em Lisboa com magnitude 7,0 - 7,5 (eR). Houve 30.000 mortos só em Lisboa
1587, registado em Loulé
1597, registado em Lisboa
6 de março de 1719, registado em Portimão com magnitude 7 (eR)
1721, registado no Algarve
27 de dezembro de 1722, registado em Loulé e Tavira com magnitude 7 (eR)
1724, registado em Lisboa
1750, registado em Lisboa
1751, registado em Moncorvo com magnitude 4 (eR)
1 de novembro de 1755, registado em Lisboa, Setúbal, Algarve e Marrocos com magnitude 8,7 – 9 (ER). Houve entre 10 000 e 90 000 mortos só em Lisboa
14 de dezembro de 1760, registado em Braga. Não terá havido mortes
31 de janeiro de 1761, registado em Braga com magnitude 8 (eR). Não terá havido mortes
1769, com magnitude 6,5 - 7,3 (eR)
12 de janeiro de 1856, registado em Loulé, Tavira e Faro
19 de março de 1858, registado em Torre de Moncorvo com uma magnitude 4.3 (eR)
11 de novembro de 1858, registado em Setúbal com uma magnitude 7,1 (eR)
1890, registado em Batalha e Alcobaça
23 de abril de 1909, registado em Benavente com uma magnitude 6,3 (eR). Houve 42 mortos e 75 feridos
26 de dezembro de 1962 com uma magnitude 5,7 (eR). Terá havido um ferido ligeiro
28 de fevereiro de 1969, registado em Lisboa, Algarve e Marrocos com uma magnitude 7,9 (eR). Houve 13 mortos
1 de janeiro de 1980, registado nos Açores com uma magnitude 7,2 (eR). Houve 73 mortos
31 de julho de 1998, registado em Arraiolos com uma magnitude 4,1 (eR)
7 de março de 2020, registado na Madeira com uma magnitude 5,2 (eR)
Com uma magnitude de 7.9 na escala de Richter, o sismo de 28 de fevereiro de 1969 atingiu Portugal de sul a norte.
Desde o terramoto que destruiu Lisboa em 1755 que em toda a Europa não se sentia um abalo tão forte.
O impacto foi maior no Algarve, já que o epicentro se registou a 80 quilómetros a sudoeste de Sagres, mas muitas foram as cidades que acordaram durante a madrugada, pelas 3h40, com a terra a tremer debaixo dos pés e o teto a desabar sobre a cabeça.
Houve mesmo um pequeno tsunami, registado ao longo das costas portuguesas, espanholas e marroquinas.
Como o Marquês de Pombal mandou emissários pelo reino de Portugal para saber os danos resultantes do terramoto de 1755, existem várias referências a Rio Maior.
Referências a estragos no terramoto 1755 em Azambujeira.
https://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/11/azambujeira-em-1758.html
Danos da antiga igreja matriz em 1755 cuja torre se encontra no cemitério de Rio Maior.
https://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2010/02/primitiva-igreja-matriz-em-rio-maior.html
Referências ao Pão-por-Deus que terá surgido após o terramoto de 1755.
https://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2010/11/pao-por-deus.html
Os danos causados no palácio dos Saldanha em Santarém no terramoto de 1755.
https://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2010/05/os-condes-e-marqueses-de-rio-maior.html
Danos causados na igreja de Azambujeira no terramoto de 1755.
https://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2010/01/igreja-matriz-de-nossa-senhora-do.html
Convém saber o que significa os valores das escalas que medem os sismos.
Escala de Richter
A Escala também é conhecida como escala de magnitude local e é utilizada para quantificar a magnitude de um sismo.
Esta escala tem 9 graus, sendo que o 9 é o mais severo. De um grau para o seguinte (do grau 1 para o grau 2, do grau 2 para o grau 3 e assim sucessivamente) há um aumento de energia cerca de trinta vezes superior.
Escala de Mercalli Modificada
Esta escala mede a intensidade do sismo, ou seja, mede os efeitos que o sismo provocou à superfície da Terra. Esta escala tem 12 graus (expressos em numeração romana), sendo que o grau I é o que tem menos efeitos sentidos e o grau XII implica destruição total.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Representação de Rio Maior na Junta Geral em 1870.
Rio Maior, desde bem cedo foi uma comunidade orgulhosa e que gostava de ter uma voz ativa no seu destino.
A 1 de Abril de 1868 o Governo Civil de Santarém quis tirar representatividade a Rio Maior e outras terras na Junta Geral do Distrito. Na altura, Rio Maior, Cartaxo e Santarém tinham direito a três procuradores.
A Câmara Municipal de Rio Maior fez chegar ao Rei (D. Luís I) um requerimento para revogar a deliberação do Governo Civil de Santarém.
A 22 de Março de 1870 a Direção Geral de Administração Política e Civil deu razão a Rio Maior e declarou nula a deliberação do governador civil de Santarém, na altura, Albino de Abrantes Freire de Figueiredo.
Quem assinou o despacho foi o Duque de Loulé, Nuno José Severo de Mendoça Rolim de Moura Barreto.
Como curiosidade, a Câmara Municipal de Mação, usou a decisão da Direção Geral de Administração em relação a Rio Maior para reclamar de igual modo contra a decisão do Governo Civil de Santarém. A pretensão de Mação foi atendida em 9 de Maio de 1870.
Junta Geral.
A Junta Geral foi um órgão da administração pública portuguesa, de natureza distrital, com competências alargadas nas áreas da instrução pública, fomento industrial e agrícola e das obras públicas. Criadas em 1832, a sua designação remete diretamente nas denominadas juntas gerais, nome pelo qual, desde tempos imemoriais, se designavam as reuniões da câmara municipal com os homens bons do concelho, ou seja, com a elite local. Ao longo de pouco mais de um século, até 1936, as Juntas Gerais existiram no ordenamento administrativo português em diversas formas e com variáveis competências, embora houvessem algumas curtas interrupções devidas às frequentes reformas administrativas.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2021
Epidemia de Cólera em Rio Maior no ano de 1855
Estamos a viver uma muito grave epidemia em Rio Maior, devido à COVID-19.
Esta epidemia por ser geral e abranger todos os países, toma o nome de Pandemia.
Este artigo vai descrever a epidemia de cólera que ocorreu em 1855-1856 em Portugal, mas com o foco em Rio Maior.
É importante verificar que já em meados de 1855 se tentava descrever o meio em que a epidemia se desenvolvia, identificar as linhas de contágio, descrever os sintomas, os tratamentos que dão resultado e os tratamentos que não funcionaram.
É um texto longo, que o deixei ficar em português antigo, mas que é interessante pois descreve como viviam as populações da Vila da Marmeleira e de Assentiz na altura e como a cólera se propagou.
O texto foi retirado do relatório da epidemia de cólera em Portugal nos anos de 1855 e 1856. O relatório é elaborado pelo Conselho de saúde Pública e finalizado em 1858.
“A epidemia de cholera-morbus havia terminado na Inglaterra, e na França em fins do anno de 1854; mas prosseguiu ainda devastando a Peninsula Iberica.
O flagello, limitado por muitos mezes ao reino de Galliza, onde penetrára por Vigo em novembro de 1853, investiu também os portos do Mediterraneo no anno subsequente.
Percorrendo mais ou menos rapidamente o litoral a leste e ao poente de Hespanha, e convergindo de um e d'outro ponto sobre as províncias centraes d'este reino em 1855, a epidemia abrangeu na sua marcha assoladora as povoações confinantes com o nosso Portugal na extensa linha, que vae desde a foz do Minho á do Guadiana.
Estreitamente assedia do por todos os lados, exposto, apesar das precauções tomadas, aos repetidos golpes de tam audaz inimigo, e frustradas as suas primeiras investidas nos anos de 1853 e 1854, o nosso paiz foi infelizmente victima da epidemia de cholera-morbus, que o invadiu em 1855, acommettendo todos os districtos do continente, salteando a Madeira, e fazendo por toda a parte lamentáveis estragos, principalmente n’aquella ilha, e no Algarve.
…
INVASÃO, E MARCHA DA EPIDEMIA (EM SANTAREM)
Dos 17 concelhos que formam o districto, apenas foram invadidos pela cholera os de Abrantes , da Gollegă , do Cartaxo , de Santarem e de Benavente; mas só em dois d'estes assumiu maior desenvolvimento, começando pelo
CONCELHO DE RIO MAIOR
Marmelleira
No dia 19 de Outubro, teve logar a invasão da cholera-morbus na Marmelleira.
Consta esta aldéa de 180 fogos com 500 habitantes, e fica situada no cume de um monte, cercada de vinhas e de olivaes. Na base, da parte de leste, existe um pântano permanente. Um extenso valle a limita pelo sul, e pelos demais pontos o paul da Asseca.
Por todas as ruas, pateos e curraes há camadas de mato, que pela decomposição constituem uma estrumeira continuada.
As casas são pela maior parte de telha-vã e de pavimento térreo, frias e humidas durante o inverno.
A Alimentação de seus habitantes é em regra composta de pescado salgado e de vegetaes.
Os seus habitos são os dos jornaleiros dados á cultura vinícola e á de cereaes; sóbrios por necessidade, mas em opposição com a hygiene quanto ao aceio pessoal e domiciliario.
A fonte de que esta povoação se abastece fica na encosta do monte para o poente, e postoque seja potável a agua toma durante as chuvas a côr alourada, por effeito da infiltração através das estrumeiras.
Antes de manifestar-se a epidemia cholerica já grassavam febres intermittentes complicadas de hypertrophias splenicas, hepatites e diarrhéas, as quaes segundo o costume foram abandonadas, se não aggravadas pelos preconceitos e ignorancia. Tal era o quadro pathologico d’esta povoação quando a epidemia appareceu.
Primeiro caso. - Deu-se o primeiro caso de cholera em um homem de 40 annos, o qual estando no seu trabalho do campo foi no dia 19 de Outubro repentinamente attacado de diarrhéa, vomitos, caimbras, anxiedade precordial, e outros symptomas, cuja somma e valor induziram o facultativo da localidade a diagnosticar cholera-morbus.
Quatro dias se passaram sem que outro caso occorressse; mas no dia 24 para 25 appareceram repentinamente acommettidas acima de 60 pessoas de todas as idades e sexos; nenhuma porém da familia do primeiro attacado. D’estas 60 falleceram 13 dentro das primeiras 24 horas.
Nos dias immediatos repetiram-se os casos com igual intensidade, e logo foi declinando a epidemia, até findar em 27 de novembro.
O desenvolvimento do flagello coincidiu com a passagem de quarenta pescadores de Ilhavo, que por ali fizeram caminho para Lisboa.
Os primeiros enfermos estiveram em quasi total abandono por falta de facultativos e d’outros recursos, porém depois os demais cholericos foram quotidianamente visitados em domicilio ou no hospital especial, que ali se estabeleceu. Foi desempenhado este serviço pelo facultativo municipal de Rio Maior, e pelo cirurgião Paulo José da Silva, residente em Almoster. Um e outro são dignos de louvor pelos serviços prestados n’esta ocasião.
Assentiz
Na distancia de uma legua ao sul da Marmelleira jaz uma outra pequena povoação denominada Assentiz , que conta 60 fogos.
As condições topographicas d’esta localidade são approximadamente as da Marmelleira; os hábitos d’aquelle povo, o género de vida e a alimentação o mesmo; mas variam as circumstancias hygienicas emquanto ao aceio no interior das habitações, sendo estas pela maior parte altas e assobradadas.
Em 26 de outubro rebentou ali a epidemia, e foi progredindo de sorte, que em 2 de novembro se achavam attacadas 22 pessoas; e em 7 terminou com um caso.
A clinica também foi exercida n’esta povoação pelos facultativos já mencionados.
A epidemia mostrou-se aqui mais benignamente, e foi precedida de diarrhéas premonitórias.
O tratamento empregado nos diversos períodos da doença, tanto na Marmelleira como em Assentiz, foi o geralmente seguido; lançou-se mão dos rubefacientes cutâneos, desde as fricções seccas até aos preparados amostardados, camphorados e ammoniacaes; prescreveram-se infusões aromáticas e alcoolizadas, ether, sulphato de quinina, banhos quentes e fitas ammoniacaes percorridas a ferro ao longo da espinha; porém de tudo isto não tirou vantagem. Comtudo o uso da ipercacuanha em doses vomitivas, com o fim de combater o vomito e a diarrhéa, aproveitou em alguns casos.
Foram attacadas no concelho de Rio Maior 127 pessoas, das quaes falleceram 55.
…
”
Pode saber mais sobre epidemias em Rio Maior desde o século XVIII
https://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2013/10/epidemias-em-rio-maior-desde-o-seculo.htm
terça-feira, 17 de novembro de 2020
Semanário "O Zé"
No final do ano de 1975, o jornal regional “Vida Social”, levado pelo movimento social que surgiu com o pós 25 de Abril de 1974, acaba por dar lugar a um novo jornal local de combate político, “O Zé”.
“O Zé” teve como diretor João Pereira Lopes e contou com um número significativo de colaboradores entre os quais muitas pessoas influentes em Rio Maior.
Começou com uma tiragem de 5.000 exemplares, mas rapidamente passa para os 11.000 exemplares ganhando projeção a nível nacional. Em 1980 o semanário chega aos 17.000 exemplares.
O jornal do qual derivou este jornal, o “Vida Social” foi fundado em 1961. Este jornal era o sucessor do “Gazeta Regional” que apareceu em 1959 que por sua vez derivava do “Jornal de Rio maior” que surgiu em 1956.
Rio maior ficava na linha de combate entre o Norte e o Sul
de Portugal que seguiam linhas ideológicas diferentes no pós 25 de Abril de
1974.
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
Colégio Luis de Camões em Rio Maior
O Colégio Luis de Camões já foi uma referência na educação privada em Rio Maior, mas fechou portas após o ano letivo de 2006/2007.
Em 1957 é fundado o Colégio Luis de Camões com o objetivo de ser um liceu. Foi criado pelo Dr. Augusto Pedro Branco que após muito trabalho e dedicação conseguiu ter um edifício dedicado ao ensino na zona da Freiria. Atualmente fica situado entre a Avenida dos Combatentes e a Rua Alberto São Goucha.
O Dr. Augusto Branco foi professor na Escola Comercial de Rio Maior, exerceu a função de chefe de secretaria do Município de Rio Maior e colaborou com o Jornal de Rio Maior. Atualmente existe uma rua perto da Biblioteca Municipal de Rio Maior à qual foi dado o nome do criador do colégio.
Durante a sua existência de meio século, o colégio chegou a ter alunos em regime de internato.
Nos últimos anos ministrava-se neste colégio o ensino pré-escolar, básico e secundário. Tinha uma capacidade para 400 alunos.
Desde meados dos anos 1990, houve um grande investimento no pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico. Havia atividades como a ginástica, o ballet e a patinagem. De referir que desde 1996 que o ensino do inglês era obrigatório neste estabelecimento para as crianças a partir dos 4 anos de idade.
Em 2006 representantes do Colégio participaram na elaboração da Carta Educativa do Município de Rio Maior.
Em Março de 2007 é constituída a empresa “C.L.C. – Colégio Luís de Camões, Unipessoal Lda” para gerir o colégio e em outubro do mesmo ano dá-se a sua Dissolução e Liquidação.
O lote em que se encontra o colégio possui uma área bruta de 6384m2 e possui um edifício com uma área bruta de construção de 1385m2. O edifício é composto por 4 corpos, sendo que dois deles são de 3 pisos e dois de rés-do-chão.
O Colégio Luis de Camões está atualmente à venda por quase 1 milhão de euros. Quando em 2011 começaram a tentar vender o imóvel era pedido quase o dobro do valor pedido atualmente.
Fizeram-me chegar fotografias do interior do edifício e como pode ter interesse principalmente para os ex-alunos recordarem os espaços onde passaram muitas horas da sua juventude, mostro-as de seguida.
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Após reclamação de apresentação de fotografias obtidas sem a autorização dos atuais proprietários, decidi retirar as mesmas deste blog. Este blog foi criado para partilhar informação sobre Rio Maior e não tem o interesse de criar problemas a ninguém.
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Moca é um cacete com uma maça na extremidade que serve de arma. A conhecida Moca de Rio Maior é uma moca de madeira torneada com taxas crava...
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