O Antipapa Bento XIII esteve em
Rio Maior em 1382.
Rio Maior em 1382 foi escolhida
para Portugal decidir se apoiaria o Papa de Roma ou o Papa de Avinhão.
Conforme está escrito na página
375 do livro “Brasões Da Sala de Sintra, Volume 2”:
“Hesitando D. Fernando sobre qual dos papas reconheceria por
verdadeiro, convocou em fins do verão de 1382 uma junta de letrados para Rio
Maior. Nela compareceu o dr. Gil do Sem, o dr. João das Regras, que pouco havia
viera do estudo de Bolonha, e outros jurisconsultos.”
O porquê de ser em Rio Maior
reside no facto do Rei D. Fernando estar a residir em Rio Maior nessa altura.
D. Fernando era bisneto de D.
Sancho IV de Leão e Castela e envolveu-se em três guerras contra o país vizinho
(Guerras Fernandinas), disputando o trono de Castela.
Finalmente em 1382 termina a
guerra com Castela pelo tratado de Elvas. Mal o tratado é assinado (9 de Agosto
de 1382) o rei D. Fernando dirige-se para os paços de Santarém juntamente com a
rainha D. Leonor Teles e o João Fernandes Andeiro. Devido ao rei se encontrar
muito fraco acaba por ficar em Rio Maior.
Já agora, pode saber mais sobre
uma suposta infidelidade entre a rainha D. Leonor e o João Andeiro ocorrida em
Rio Maior, em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2013/07/infidelidade-real-em-rio-maior-sec-xiv.html
Antes de falar do Antipapa Bento
XIII é importante perceber o que foram os antipapas e o Grande Cisma do
Ocidente.
Um Antipapa é uma pessoa que
reclama o título de Papa durante um período em que o título está vago ou em
oposição a um Papa legitimamente eleito. Um Antipapa não é uma pessoa que segue
uma doutrina contrária à fé da igreja sendo mesmo geralmente apoiados por
cardeais. O primeiro antipapa conhecido foi Hipólito de Roma que protestou
contra o Papa Calisto I, no ano 235.
Já em 1309 o Papa Clemente V foi
levado, sem possibilidade de contestação, pelo rei francês, Filipe, de Roma
para residir em Avinhão, na França. Em 1377, o Papa Clemente V morre e em 1378,
o novo Papa, Gregório XI, voltou para Roma onde faleceu pouco depois. Foi então
eleito Urbano VI, que tornou-se num papa muito autoritário, de modo que uma
quantidade considerável do Colégio dos Cardeais anulou a sua votação e foi
realizado um novo conclave. Foi eleito Clemente VII, que passou a residir em
Avinhão. Inicia-se assim o Cisma, em que o Papa residia em Roma e o Antipapa
residia em Avinhão.
Ainda surgiu, mais tarde, um
outro Antipapa em Pisa. O Grande Cisma terminou no Concílio de Constança em
1417, quando o papado foi estabelecido definitivamente em Roma.
Durante o Cisma, as nações
dividiram-se entre as que apoiavam o Papa e as que defendiam o Antipapa.
Quando se dá o Grande Cisma, em
1378, Portugal apoia o Papa de Roma.
Já em 1979, como Portugal estava
em paz com Castela e apoiando Castela o Antipapa de Avinhão, o rei também
passou a apoiar o Antipapa de Avinhão.
Em 1381, a aliança com Inglaterra
foi renovada e Portugal passou a apoiar novamente o Papa de Roma.
Em 1382 com o fim das Guerras
Fernandinas, o rei D. Fernando volta a apoiar o Antipapa de Avinhão.
Estas constantes mudanças de apoio,
valeram ao rei D. Fernando o cognome de o Inconstante.
Já em 1385 e sendo D. João I rei
de Portugal, o reino passa a apoiar o Papa de Roma.
Voltando ao Antipapa Bento XIII.
Antes de ser eleito antipapa a 28
de Setembro de 1394, Bento XIII, foi batizado como Pedro Martínez de Luna.
Nasceu em 1328 em Aragão e em 1375 ganhou o título de cardeal de Santa Maria in
Cosmedin.
Em 1382, Pedro de Luna foi
enviado por Clemente VII a Portugal, a solicitar a D. Fernando que reconhecesse
Clemente VII como Papa. O Papa de Avinhão já era reconhecido oficialmente por
Castela, França, Escócia, Sicília, Aragão e Navarra.
“… Estando D. Fernando em Rio
Maior, veio ter com ele o cardeal de Luna e rogou-lhe que tornasse a dar obediência
a Clemente VII, como o fizera antes da vinda dos ingleses. O monarca, ouvidos
os letrados do reino e contra o parecer de todos, determinou reconhecer a
legitimidade do papa de Avinhão.”
A presença do cardeal D. pedro de
Luna é atestada em Rio Maior a partir de meados de Novembro de 1382.
O Antipapa espanhol sucedeu a Clemente
VII, continuando assim o Cisma com um pontificado em Avinhão em colisão com o
Papa de Roma, Bonifácio IX.
A corte portuguesa esteve sediada
em Rio Maior por alguns meses. Para albergar a corte e todas os emissários em
Rio Maior, a região teria obrigatoriamente de possuir boas condições humanas e
de edificado. Este é um tema que deveria merecer uma investigação mais
profunda.