A chaminé embora tenha forma poliédrica o seu interior é redondo constituído por tijolos refractários.
Os primeiros registos que chegaram até nós do carvão extraído em Rio Maior datam de 1915, sendo a exploração pouco intensiva até ao início da segunda Grande Guerra Mundial. Devido á falta de combustível que existia o jazigo passou a ser considerado reserva nacional e iniciou-se a exploração intensiva o que implicou avultados investimentos.
Em 1916 foi feito o registo da mina do Espadanal por António Custódio dos Santos e deu-se a abertura do poço mestre.
Em 1916 foi feito o registo da mina do Espadanal por António Custódio dos Santos e deu-se a abertura do poço mestre.
A 10 de Julho de 1922 os direitos de exploração mineira do Espadanal passam a ser da empresa ‘E.I.C.E.L.’ (A Empresa Industrial Carbonífera e Electrotécnica, Limitada foi constituída a 15 de Setembro de 1920) após um processo de disputa em tribunal entre esta empresa, a empresa das Minas de Carvão de S. Pedro da Cova e a empresa Carbonífera de Rio Maior.
O Couto Mineiro do Espadanal é finalmente demarcado a 10 de Agosto de 1927.
Em 1969 a mina foi fechada. A 16 de Setembro de 1970 a concessão mineira e os seus activos passam para a Companhia Portuguesa de Electricidade (CPE - actual EDP). Em 1976 por despacho ministerial e por razões de necessidade de reduzir as despesas com a segurança a maquinaria foi desmantelada e todo o seu espólio foi removido ou vandalizado.
Na época áurea a mina chegou a empregar mais de 1500 pessoas e chegou a possuir uma ligação privativa por caminho-de-ferro até ao vale de Santarém. O cais ferroviário da mina era aonde se situa actualmente o pavilhão multiusos de Rio Maior e a principal razão da ligação férrea era o muito mau estado em que se encontravam as vias rodoviárias envolventes.
As principais actividades da empresa que geria o pólo mineiro eram a indústria carbonífera (ligada ao carvão) e a electrotécnica (produção de electricidade).
Pólo do Espadanal – Este pólo construído em torno do poço mestre de acesso á mina encontravam-se os edifícios de refeitório, posto médico, serralharia, carpintaria, oficina eléctrica, ferramentaria, armazém, escritórios e serviços administrativos. Estes edifícios foram demolidos em 1999 para dar lugar a um bairro habitacional.
Pólo de Bogalhos – Neste pólo existia o sistema de bombagem para drenagem das galerias, a primitiva central eléctrica e casas para operários. Hoje só existem vestígios da central eléctrica e aparentemente têm os dias contados devido a mais um projecto de construção para zona.
Pólo de Abum – O jazigo do Espadanal era constituído principalmente por lignite, mas também por camadas de diatomite. Para a extracção da diatomite (vulgarmente conhecida por giz) a empresa criou neste pólo um núcleo de extracção e processamento deste minério. Actualmente os edifícios foram demolidos e a mina tapada para o espaço dar origem aos estaleiros municipais.
A fábrica de briquetes era usada até data recente como estaleiro municipal e apresenta actualmente um aspecto de abandono com uma degradação muito acentuada de todos os edifícios.
Actualmente só existem dois troços da mina intactos que são a entrada em direcção à fábrica de briquetes em que existiam duas linhas para vagões e uma secção interior em que existiam 3 linhas para vagões. Estas secções resistiram pois têm as abóbadas empedradas sendo que todas as outras secções seguras por troncos de madeira já desabaram.
A título de curiosidade as galerias mais profundas iriam a cerca de 60 metros de profundidade e a chaminé da central eléctrica tem cerca de 70 metros de altura. Os briquetes produzidos eram 'paralelos' de carvão prensado sem o uso de químicos que depois eram usados nos fogões e sistemas de aquecimento de particulares.
É uma pena e um mal já dificilmente reparável a quantidade de património de Rio Maior e dos riomaiorenses que se está a perder. Não devemos esquecer que durante a década de 40 e 50 vieram muitas pessoas de outros pontos do país trabalhar nestas minas e que grande parte delas e das suas famílias acabaram por ficar a residir aqui e cujos descendentes são parte integrante dos riomaiorenses.
As fotos antigas da mina foram retiradas de vários artigos existentes na internet.
Fotos antigas da fábrica de briquetes
Foto antiga do cais a onde actualmente existe o pavilhão multiusos da cidade
Fica de seguida um video sobre o caminho de ferro e mina do Espadanal que se encontra no Youtube:
Em Abril de 2011 a EICEL (Associação para a Defesa do Património Mineiro, Industrial e Arquitectónico), realizou na Biblioteca Municipal de Rio Maior uma exposição sobre a Mina do Espadanal. Nessa exposição encontrava-se a maquete da zona edificada da mina.
História da Mina do Espadanal:
1890 - Tentativa de explorar o carvão em Pedra na Carniceira, por Charters Crespo.
1914/1915 - Início da pesquisa de carvão na Quinta da Várzea pela Sociedade formada para o efeito por António Custódio, Pedro Goucha, Silvino Sequeira e João Sequeira.
1916 - Pesquisa de sais de potássio no Espadanal por Ayres Augusto Mesquita de Sá e Padre Hymalaia. Descoberta uma camada de 12 metros de espessura de lignite a 30 metros de profundidade. Registo da Mina de Lignite do Espadanal por António Custódio dos Santos.
1917 - Para suportar a continuação das pesquisas na Mina do Espadanal é constituida a sociedade entre a firma Leites, Sobrinhos & Ca. e António Custódio.
1920 - Constituição da EICEL (Empresa Industrial Carbonífera e Electrotécnica Lda.
1922 - Os direitos de exploração mineira no Espadanal passam a ser da EICEL.
1927 - O Couto Mineiro do Espadanal é demarcado .
1942 - As Minas de Rio Maior são consideradas reserva de combustível nacional pelo decreto nº32270.
1944 - Graves problemas sociais em Rio Maior devido à chegada de cerca de 1500 pessoas para trabalhar no complexo mineiro.
1945 - Inaugurada a via-férrea Rio Maior - Vale de Santarém e respectivo cais de embarque. Fundado o Clube de Futebol "Os Mineiros".
1955 - Início da laboração da Fábrica de Briquetes.
1968 - Por despacho ministerial é suspensa a lavra no couto mineiro da Quinta da Várzea.
1969 - Crise no sector do carvão que leva à paralisação mineira em Rio Maior.
1969 - Crise no sector do carvão que leva à paralisação mineira em Rio Maior.
1970 - A concessão mineira e os seus activos passam para a Companhia Portuguesa de Electricidade (CPE - actual EDP)
1972 - A empresa EICEL é liquidada e quase todos os seus bens passam para o estado.
1976 - Por despacho ministerial, toda a maquinaria foi desmantelada.
Decada de 70 e 80 - Tentativa falhada de instalar uma central termoeléctrica no Espadanal.1999 - A Câmara Municipal de Rio Maior adquire várias parcelas, num total de 110.380m2 do Couto Mineiro.
2005 - Início do processo de estudo e salvaguarda do Património Mineiro Riomaiorense.
2007 - Constituída a Comissão para o Estudo, Defesa e Valorização do Património Cultural e Natural do Concelho de Rio Maior.
2008 - Constituição do Centro de Estudos Riomaiorenses - Associação para a Defesa do Património.
2010 - Constituída a EICEL - Associação para a Defesa do Património Mineiro, Industrial e Arquitectónico.
Blog da EICEL 1920 - Associação para a Defesa do Património Mineiro, Industrial e Arqutectónico:
Excelente estudo do Couto Mineiro do Espadanal, realizado por Nuno Alexandre Dias Rocha no seu projecto de Mestrado:
Artigo sobre a Fábrica de Briquetes, de José Brandão e Nuno Rocha:
Informações sobre a primitiva central electrica de apoio à mina em:
Informações sobre a Mina de Giz (Mina de Diatomite) em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/10/mina-de-giz-em-rio-maior.html
Informações sobre a linha do caminho de ferro em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/08/antiga-linha-de-caminho-de-ferro-em-rio.html
Informações sobre o Bairro do Espadanal em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/12/bairro-do-espadanal.html
Informações sobre o Bairro Mineiro de Sta Bárbara:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/12/bairro-mineiro-de-santa-barbara.html
Informações sobre Antiga Habitação Mineira no Abum:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/12/antigas-casas-de-mineiros-em-abum.html
Informações sobre a linha do caminho de ferro em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/08/antiga-linha-de-caminho-de-ferro-em-rio.html
Informações sobre o Bairro do Espadanal em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/12/bairro-do-espadanal.html
Informações sobre o Bairro Mineiro de Sta Bárbara:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/12/bairro-mineiro-de-santa-barbara.html
Informações sobre Antiga Habitação Mineira no Abum:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/12/antigas-casas-de-mineiros-em-abum.html
Gostei muito das fotos! Há muito tempo que já não as via!
ResponderEliminarParabéns pelo trabalho de divulgação deste património industrial!
ResponderEliminarQual é a situação actual do património mineiro de Rio Maior?
Cumpts
Pedro Rodrigues Costa