quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Antiga linha de Caminho de Ferro em Rio Maior

Linha Férrea de Rio Maior
A 19 de Agosto de 1907 o Governo decretou a construção da linha férrea de Rio Maior.
Embora fosse uma grande aspiração local, só muitos anos mais tarde foi concretizada e somente para transporte exclusivo de lenhite.
Em 1911 deslocou-se a Lisboa uma delegação de representantes dos Concelhos de Rio Maior, Cartaxo e Caldas da Rainha que foi recebida pelo Ministro do Fomento que prometeu desenvolver todos os esforços para a construção do ramal do caminho de ferro que servia Rio Maior, Setil-Peniche.
Em 1920 o Governo chega a abrir um concurso público para a construção da linha férrea de Rio Maior, mas como não apareceram concorrentes a obra não se inicia.
A linha começa a ser construída na década de 40 do século passado, mas a um ritmo muito lento.
Em 1942 a Comissão Reguladora do Comércio do Carvão é autorizada a contrair um empréstimo bancário de 18 mil contos (89.783,00€) para ocorrer a despesas com a construção do caminho-de-ferro mineiro.
A linha acaba por se concretizar em 1945 no traçado Rio Maior – Vale de Santarém.
Pelas 22:30 do dia 24 de Abril de 1945, saiu de Rio Maior o primeiro comboio carregado com lenhite (embora se tenha previamente realizado um carregamento de 250 toneladas de madeira dos pinhais do Concelho).
Passaram a sair diariamente de Rio Maior dois comboios, um com lenhite e outro com lenha.
O cais ferroviário da mina localizava-se no local em que actualmente está construído o pavilhão multiusos de Rio Maior.


 
Acaba assim o transporte de Carvão por camionetas que era realizado entre Rio Maior e a estação de Santarém. O descontentamento das populações de Rio Maior aumenta, pois o comboio não leva passageiros, nem sequer transporta mercadorias de particulares.
Ainda em 1945 foi autorizado o transporte de mercadorias de particulares, mas o transporte de passageiros nunca foi consentido.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial o interesse pela mina de lenhite começou a decrescer.
Na década de 60 do século passado a mina foi fechada e o comboio parou de circular pela linha férrea.
A linha foi desmontada em 1970.
Em 1978 noticiou-se um projecto de realização de uma via rápida que ligaria a EN1 em Rio Maior a Santarém, usando na sua maior parte o trajecto da antiga linha férrea. Este projecto contava com apoio Norte Americano.
O antigo traçado da linha férrea encontra-se abandonado em grande parte do seu trajecto, mas permite umas boas caminhadas ou uns excelentes passeios de bicicleta.
Falta referir que a linha férrea acompanhava muito de perto o percurso do rio Maior.
Carta Militar de Portugal - Série M 888 - Folhas 339
Carta Militar de Portugal - Série M 888 - Folhas 339 351 352 364


Mais informações sobre a Mina do Espadanal em:

Com a deslocalização do futuro aeroporto de Lisboa da OTA (decisão tomada em 2005) para Alcochete (decisão tomada em 2008) surgiu novamente a possibilidade de Rio Maior ser servida por comboio como contrapartida em 2 projectos:
- Estação do TGV
- Corredor Ferroviário Caldas da Rainha – Rio Maior - Santarém
Ambos os projectos se encontram actualmente suspensos devido à crise económica que teima em não nos deixar.


2 comentários:

  1. Sempre de muito interesse as crónicas a que aqui temos acesso, amigo Américo Cardoso. Por isso, muito agradeço. Entretanto, vou partilhar. Rio Maior, na verdade, há muitos anos à espera de ligação ferroviária, tantas vezes tentada ou prometida, porém tem custado a levar por diante. Em relação ao trajecto do antigo ramal, também tem havido a defesa, por parte de algumas associações, do seu aproveitamento para construir uma ecovia nas margens do rio Maior, entre a cidade e o Vale de Santarém, a qual poderia continuar no combro da margem direita do rio até à sua foz, que é próximo de Azambuja. Enfim, ideias não faltam, o que tem faltado ao longo de séculos, já, é a decisão e respectiva concretização, para as levar por diante. Forte abraço.
    Manuel Sá

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