terça-feira, 15 de setembro de 2020

Antipapa Bento XIII esteve em Rio Maior em 1382

O Antipapa Bento XIII esteve em Rio Maior em 1382.

 

 

Rio Maior em 1382 foi escolhida para Portugal decidir se apoiaria o Papa de Roma ou o Papa de Avinhão.

Conforme está escrito na página 375 do livro “Brasões Da Sala de Sintra, Volume 2”: 

“Hesitando D. Fernando sobre qual dos papas reconheceria por verdadeiro, convocou em fins do verão de 1382 uma junta de letrados para Rio Maior. Nela compareceu o dr. Gil do Sem, o dr. João das Regras, que pouco havia viera do estudo de Bolonha, e outros jurisconsultos.” 

 


O porquê de ser em Rio Maior reside no facto do Rei D. Fernando estar a residir em Rio Maior nessa altura.

D. Fernando era bisneto de D. Sancho IV de Leão e Castela e envolveu-se em três guerras contra o país vizinho (Guerras Fernandinas), disputando o trono de Castela.

Finalmente em 1382 termina a guerra com Castela pelo tratado de Elvas. Mal o tratado é assinado (9 de Agosto de 1382) o rei D. Fernando dirige-se para os paços de Santarém juntamente com a rainha D. Leonor Teles e o João Fernandes Andeiro. Devido ao rei se encontrar muito fraco acaba por ficar em Rio Maior.

 

Já agora, pode saber mais sobre uma suposta infidelidade entre a rainha D. Leonor e o João Andeiro ocorrida em Rio Maior, em: 

http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2013/07/infidelidade-real-em-rio-maior-sec-xiv.html 

 


Antes de falar do Antipapa Bento XIII é importante perceber o que foram os antipapas e o Grande Cisma do Ocidente.

Um Antipapa é uma pessoa que reclama o título de Papa durante um período em que o título está vago ou em oposição a um Papa legitimamente eleito. Um Antipapa não é uma pessoa que segue uma doutrina contrária à fé da igreja sendo mesmo geralmente apoiados por cardeais. O primeiro antipapa conhecido foi Hipólito de Roma que protestou contra o Papa Calisto I, no ano 235.

Já em 1309 o Papa Clemente V foi levado, sem possibilidade de contestação, pelo rei francês, Filipe, de Roma para residir em Avinhão, na França. Em 1377, o Papa Clemente V morre e em 1378, o novo Papa, Gregório XI, voltou para Roma onde faleceu pouco depois. Foi então eleito Urbano VI, que tornou-se num papa muito autoritário, de modo que uma quantidade considerável do Colégio dos Cardeais anulou a sua votação e foi realizado um novo conclave. Foi eleito Clemente VII, que passou a residir em Avinhão. Inicia-se assim o Cisma, em que o Papa residia em Roma e o Antipapa residia em Avinhão.

Ainda surgiu, mais tarde, um outro Antipapa em Pisa. O Grande Cisma terminou no Concílio de Constança em 1417, quando o papado foi estabelecido definitivamente em Roma.

 


Durante o Cisma, as nações dividiram-se entre as que apoiavam o Papa e as que defendiam o Antipapa.

 


Quando se dá o Grande Cisma, em 1378, Portugal apoia o Papa de Roma.

Já em 1979, como Portugal estava em paz com Castela e apoiando Castela o Antipapa de Avinhão, o rei também passou a apoiar o Antipapa de Avinhão.

Em 1381, a aliança com Inglaterra foi renovada e Portugal passou a apoiar novamente o Papa de Roma.

Em 1382 com o fim das Guerras Fernandinas, o rei D. Fernando volta a apoiar o Antipapa de Avinhão.

Estas constantes mudanças de apoio, valeram ao rei D. Fernando o cognome de o Inconstante.

Já em 1385 e sendo D. João I rei de Portugal, o reino passa a apoiar o Papa de Roma.

 

Voltando ao Antipapa Bento XIII.

Antes de ser eleito antipapa a 28 de Setembro de 1394, Bento XIII, foi batizado como Pedro Martínez de Luna. Nasceu em 1328 em Aragão e em 1375 ganhou o título de cardeal de Santa Maria in Cosmedin.

Em 1382, Pedro de Luna foi enviado por Clemente VII a Portugal, a solicitar a D. Fernando que reconhecesse Clemente VII como Papa. O Papa de Avinhão já era reconhecido oficialmente por Castela, França, Escócia, Sicília, Aragão e Navarra.

 

… Estando D. Fernando em Rio Maior, veio ter com ele o cardeal de Luna e rogou-lhe que tornasse a dar obediência a Clemente VII, como o fizera antes da vinda dos ingleses. O monarca, ouvidos os letrados do reino e contra o parecer de todos, determinou reconhecer a legitimidade do papa de Avinhão.

 

A presença do cardeal D. pedro de Luna é atestada em Rio Maior a partir de meados de Novembro de 1382.

O Antipapa espanhol sucedeu a Clemente VII, continuando assim o Cisma com um pontificado em Avinhão em colisão com o Papa de Roma, Bonifácio IX.

 

A corte portuguesa esteve sediada em Rio Maior por alguns meses. Para albergar a corte e todas os emissários em Rio Maior, a região teria obrigatoriamente de possuir boas condições humanas e de edificado. Este é um tema que deveria merecer uma investigação mais profunda.

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