Na década de 80 do século passado, realizou-se em Rio Maior uma importante experiência sobre o contributo do sal na pressão arterial das pessoas. Esta foi a primeira experiência do género a nível Mundial.
Com a coordenação do professor Rose (cientista inglês) e acompanhamento de Fernando de Pádua, pegaram em duas aldeias do Concelho de Rio Maior e numa delas fizeram uma intensa campanha junto da população local para baixar o consumo de sal. Na outra aldeia não se fez nenhuma campanha, sendo somente monitorizado o estado de saúde, de modo a servir de contraprova.
Durante dois anos um grupo de cientistas e técnicos de alimentação acompanhou esta experiência em Rio Maior.
Na altura da experiência, em Portugal consumia-se em média 20 gramas de sal por dia e por habitante, quando a Organização Mundial de Saúde recomendava um consumo máximo de 5 gramas de sal.
O resultado é que conseguiram baixar a pressão arterial da população sob análise numa média de 4 mm hg, o que foi espetacular dado que estima-se que esta redução reduza o número de acidentes vasculares para metade.
Na população de controlo, cuja dieta não foi vigiada, a pressão arterial média da população subiu mesmo nalguns milímetros.
A experiência trouxe ainda outra consequência, pois a população que estava a ser acompanhada mudou mesmo os seus hábitos alimentares e rotinas diárias para uma maneira de viver muito mais saudável.
O artigo de “O Jornal” que está na imagem é de 28 de Fevereiro de 1986.
Recentemente foi realizado um estudo no âmbito do Programa Menos Sal Portugal que conclui que a diminuição da ingestão de sal e o aumento da ingestão de potássio, a par da mudança dos padrões alimentares, estão diretamente associados a uma significativa redução da pressão arterial e a potenciais benefícios cardiovasculares. Revelou mesmo que, com a redução da ingestão de sal, os participantes reduziram a pressão arterial (SBP) em 2,1 mm hg. No grupo de indivíduos com maior consumo obteve-se com uma redução do consumo de sal de 0,6gr, uma importante redução da pressão arterial de 9 mm Hg.
Com o ganho obtido com a redução da ingestão de sal muitos doentes podem evitar iniciar medicação anti hipertensora ou conseguir reforçar o efeito de medicação já em curso.
Convém recordar que as doenças cardiovasculares mantêm-se como a principal causa de morte na Europa, sendo responsáveis por 45% de todas as mortes no continente Europeu e 37% nos países da União Europeia (estudo realizado em 2017).
Mas quem é o Professor Fernando de Pádua?
Fernando Manuel Archer Moreira de Pádua nasceu em Faro a 29 de Maio de 1927.
Em 1950 foi o melhor aluno da Faculdade de Medicina de Lisboa e realizou na universidade de Harvard (USA) uma Pós-Graduação em Cardiologia.
Esteve 33 anos na Direção de Serviços Hospitalares de Medicina no Hospital de Santa Maria.
Organizou Cursos de Pós-graduação em Geriatria e colaborou noutros de Cardiologia, Bioética, Reumatologia e Diabetes. Em 1997 Recebeu a Medalha de Ouro por Serviços Distintos das mãos da Ministra da Saúde Dra. Maria de Belém.
Fundou e foi presidente da Fundação Portuguesa de cardiologia.
Criou a Fundação Fernando Pádua.
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