A
primeira estação de tratamento de esgotos para suinicultura em Portugal foi
inaugurada em Maio de 1993 na região de Alcobertas. A criação deste equipamento
contou com o apoio financeiro do FEDER e do ICN.
Na
altura a suinicultura era uma das maiores fontes de riqueza do Concelho de Rio
Maior, mas eram também reconhecidos os graves problemas para a saúde pública
que o não tratamento dos dejectos provocam.
A Associação
de Desenvolvimento de Serra d’Aire e Candeeiros (ADSAICA) era a responsável
pela Estação Coletiva de Tratamento de Efluentes Suinícolas (ECTES) de
Alcobertas.
A
estação de tratamento de esgotos para suinicultura tinha equipamentos
considerados revolucionários para a altura permitindo não só o tratamento dos
afluentes recebidos, mas também a produção de energia eléctrica. A ECTES de
Alcobertas foi o primeiro sistema de digestão anaeróbia (Biogás), de tipo
centralizado, destinado ao tratamento de efluentes de suinicultura, baseado na
valorização do potencial energético daquele tipo de resíduos orgânicos.
Mas a
estação nunca funcionou conforme o previsto. Poucos suinicultores aderiram a
esta estação de tratamento de efluentes e algumas dificuldades técnicas praticamente
atiraram as instalações para o abandono.
A
ADSAICA foi criada em 1990 pelos sete municípios da área do PNSAC e pelo então
Instituto de Conservação da Natureza (ICN). Com a conversão do ICN em Instituto
da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICN-B), a manutenção da estação
foi-se degradando com a perda do técnico que geria a ECTES e do funcionário que
retirava as lamas.
Em 2010
a direção da ADSAICA, presidida então pela Câmara Municipal de Alcanena,
assumiu a incapacidade para gerir a ECTES e aprovou em assembleia geral a sua doação
ao Município de Rio Maior. Rio Maior assumiu o compromisso de arrancar com um
projeto de recuperação e reativação da ECTES, orçado em 100 mil euros numa
primeira fase. No entanto a estação manteve-se sem qualquer recuperação nem atividade.
Em 2012,
foi assinado entre a autarquia de Rio Maior e a Junta de Freguesia de
Alcobertas um protocolo de transferência deste equipamento para a alçada da
Junta de Freguesia. A Junta de Freguesia defendeu ser a ECTES economicamente
sustentável uma vez que dos 100 mil euros orçados, 60 mil já não seriam necessários
pois a Junta de Freguesia já tinha o trator e a cisterna. Apostava-se na venda
do fertilizante, resultante do tratamento do resíduo, para a agricultura.
A
recolha e tratamento de efluentes pecuários começou a ser realizada, já o
sistema de produção de energia eléctrica a biogás não voltou a ser ativado pois
a recuperação foi considerada muito cara para o rendimento da ETAR.
A Estação Colectiva de Tratamento de Efluentes Suinícolas (ECTES) de
Alcobertas também recebe águas ruças provenientes dos lagares de azeite.
Já em Agosto de 2014 as instalações foram inspecionadas pelas entidades
competentes na matéria e não foram encontrados problemas.
Este é
um equipamento prioritário para toda a região, não só para o Concelho de Rio
Maior, pois existe uma grande concentração de suiniculturas e lagares e os
problemas ambientais causados por estas atividades não são especulações mas uma
realidade infelizmente sentida já por muitos habitantes. Não esquecer que o rio
Maior está praticamente morto devido à elevada carga de poluição que nele é
descarregada o que afeta todas as populações por onde ele passa. O rio Maior
vai desaguar no rio Tejo contribuindo também para a poluição deste rio.
Infelizmente atravessam Rio Maior dois cursos de água altamente poluídos que
são o rio Maior e a ribeira de S. Gregório. Nós é que temos de decidir se
estamos confortáveis com a situação atual ou se queremos mudar.
Urge
criar um sistema de identificação de todas as suiniculturas existentes na
região, criar um sistema de recolha de resíduos de todas elas e em Estações de Tratamentos
de Efluentes Suinícolas fazer a sua descontaminação e valorização.
Pode ver
imagens de 1993 da pré-inauguração desta estação de Alcobertas em:
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/estacao-de-tratamento-de-esgotos/
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