Igreja da Misericórdia em Rio Maior
Este edifício é o exemplar mais significativo do Barroco no Concelho. A Igreja deve de ter sido construída na época de D. João V (De 1698 a 1750) e era na altura a capela privativa do hospital local.
Em Janeiro de 1759 os moradores de Rio Maior pediram a D. José I a criação de uma irmandade da Misericórdia para tomar conta do hospital e tal foi concedido por alvará a 18 de Abril de 1759.
Em 1810 a Igreja Matriz de Rio Maior entrou em ruína (ainda pode ser vista a torre sineira desta igreja no cemitério local) e a Igreja da Misericórdia passa a ter essa função.
A Igreja da Misericórdia era conhecida com Igreja do Espírito Santo, mas passa a ter como Orago a Nossa Senhora da Assunção.
Em 1875 o espaço desta pequena igreja não era suficiente para o número de fiéis e a população de Rio Maior reclama pela construção de uma nova igreja.
A opção foi pelo alargamento da Igreja da Misericórdia.
Assim o Templo vai sofrer obras de adaptação e remodelação ao longo dos anos seguintes que lhe descaracterizaram um pouco.
Em 1901 a igreja foi novamente alvo de obras de restauro profundas.
Em 1902 com a extinção do Convento de Santa Clara parte do seu recheio veio para a Igreja da Misericórdia de Rio Maior, como: relicário com obra de talha, caixa de relíquias, tocheiros, candeeiro das trevas, imagens, toalhas de altar, ...
Durante o terramoto de 23 de Abril de 1909 a Igreja de São Salvador de Santarém foi destruída, ficando em ruínas, vindo para a Igreja da Misericórdia algumas das suas imagens.
Em 1968 é construída a nova Igreja Matriz, passando esta a ter como Orago a Nossa Senhora da Assunção e a Igreja da Misericórdia passa a ter como Orago a Rainha Santa Isabel, padroeira das Misericórdias.
Deixando de ser Igreja Matriz, a Igreja da Misericórdia sofreu algumas obras nessa altura e mais recentemente, na década de 1990.
Apesar desta pequena igreja, como já foi referido, ter sofrido várias alterações, preserva ainda a arquitectura simples e a talha dourada no seu interior.
No exterior, a fachada é dominada pelas cinco janelas de frontão clássico. Sobressai a imagem da Nossa Senhora da Assunção e lateralmente a pequena torre sineira. Na fachada existe também um painel de azulejos dedicado à Virgem Maria com o escudo português e a data de 1940 (Data em que se comemorou por todo o país a fundação de Portugal em 1140 e a Restauração em 1640).
O interior é constituído por uma só nave, um altar-mor, dois altares colaterais, dois altares laterais e um coro que se dobra em dois corpos laterais apoiados em arcarias.
De salientar os dois altares colaterais em pedra, um com a imagem de Nossa Senhora de Fátima e o outro com a imagem do Sagrado Coração de Jesus. No altar de Nossa Senhora de Fátima pode-se ler uma legenda gravada na pedra com ‘Avé Maria’.
As imagens de Santo António e da padroeira, a Rainha Santa Isabel também se encontram em evidência nas paredes laterais da nave. Na igreja também se pode ver a imagem de São José (imagem em pedra com 50cm que se encontra junto á capela mortuária), São Sebastião (imagem do santo com 120cm em que segura na mão direita uma tocha, localizada junto ao altar-mor), Santa Ana (Ana e Joaquim terão sido os pais da Virgem Maria e a figura de sua mãe representando o sofrimento encontra-se junto ao relicário do Nosso Senhor Morto) e São João Baptista (a escultura encontra-se junto á pia baptismal).
A bonita pia baptismal encontra-se numa divisão lateral e de notar a zona da escada de acesso ao coro com os seus azulejos Seiscentistas azuis e brancos simulando um gradeamento, ornado por uma franja azul e amarela.
O altar-mor é de talha dourada barroca e possui na boca da tribuna uma estátua em madeira do século XVIII representando o Espírito Santo. O dourado que reveste a madeira depois de tratada era muito apreciado durante o século XVII pois ao ouro foi atribuída uma conotação de eternidade e de divino (O ouro é o metal mais precioso, puro e cujas propriedades o tornam muito resistente à acção do tempo).
Antigamente era comum as pessoas mais importantes serem sepultadas dentro das igrejas e esta não é excepção. No entanto com o alargamento da igreja removeram as lápides sepulcrais do seu local original, sendo neste momento só visíveis três delas. As outras ou foram destruídas ou reutilizadas nas obras. Podem-se detectar estas pedras sepulcrais através das suas Epígrafes: Uma encontra-se em frente á porta lateral direita da fachada, junto à escada de acesso ao primeiro piso; Outra como soleira da porta lateral esquerda da fachada; A terceira e mais bem conservada (apesar de cortada para ajustamento do soalho), encontra-se junto à porta do corredor de acesso à sala mortuária.
A Misericórdia é a entidade responsável pela manutenção e conservação do templo e em conjunto com a Paróquia tentam dinamizar o espaço, quer pelas celebrações religiosas, quer pela realização de espectáculos.
Fica de seguida uma imagem do altar desta igreja em 1905.
Fica de seguida uma imagem do altar desta igreja em 1905.
Para saber mais sobre a Primitiva Igreja Matriz
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