terça-feira, 27 de novembro de 2018

Morgado de São João da Ribeira

O Morgado de São João da Ribeira foi criado a 30 de Março de 1330 a favor de Estevão Martins Cerveira, um fidalgo honrado.


Estevão Martins Cerveira jaz na Igreja de São João da Ribeira e como não teve descendência o Morgado de São João da Ribeira passou para o seu 1º irmão, Rui Vasques Cerveira.
Rui Vasques Cerveira casou com D. Margarida Canes e teve uma filha, D. Maria Rodrigues Cerveira.
D. Maria Rodrigues Cerveira casou com Alvaro Gonçalves de Mesquita e do matrimónio nasceu Fernão Cerqueira.
Fernão Cerqueira casou com D. Clara Montarroio e do matrimónio nasceu Estevão Martins Cerveira.
Estevão Martins Cerveira casou com D. Guiomar Montarroio de Sequeira e do matrimónio nasceu Mem Cerveira.


Mem Cerveira era fidalgo da casa real e viveu no tempo dos reis D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I.
Foi Alferes More de Santarém onde também morava e teve os cargos de Juiz, Contador de resíduos, Provedor dos órfãos, Provedor das capelas, Provedor das albergarias, Provedor das gafarias, Contador das obras e terças dos concelhos na Comarca da Estremadura e Contador das aposentorias na Vila de Santarém.
Mem Cerveira faleceu em 1520 e cumprindo-se a vontade expressa no seu testamento, foi sepultado na Capela de São Bartolomeu da Igreja de São Domingos, em Santarém.
O túmulo de Mem de Cerveira encontra-se atualmente na Nave Norte do Museu Arqueológico do Carmo (Lisboa) dado o desaparecimento da Igreja de São Domingos de Santarém. O túmulo assume uma tipologia típica do estilo manuelino, caracterizando-se pela integração numa estrutura parietal, limitada por um arco polilobado, com arquivoltas decoradas com notável mestria.


Por Carta de Aforro de D. Afonso V, no livro 6º, folha 100 e livro 26 folha 50 da chancelaria do dito rei, foi Mem Cerveira reconfirmado senhor e administrador do morgado de São João da Ribeira.
Mas os reis concederam a Mem Cerveira mais poderes sobre este morgado e terras anexas.
D. Afonso V concedeu o privilégio de coutada em 16 de Julho de 1474 (apesar de ser também uma reconfirmação, pois estes poderes já tinham sido concedidos a seu avô Fernão Cerveira em 10 de Junho de 1447).
Os lavradores e todas as outras pessoas de qualquer estado ou condição ficaram proibidos de fazer caneiros desde o Moinho do Bom Nome até o Freixal. Caso não cumprissem esta ordem tinham de pagar duzentos reais brancos.
Os lavradores ficaram também obrigados a limparem o rio e repararem as suas testadas todos os anos. Caso não cumprissem esta ordem tinham de pagar também duzentos reais brancos.
Estes privilégios foram posteriormente reconfirmados, por carta de D. João II a 28 de Maio de 1487 e por carta de D. Manuel I a 4 de Novembro de 1496.

Mem Cerveira teve um primeiro casamento com D. Isabel de Montarroio e deste matrimónio nasceu D. Leonor de Montarroio Cerveira.
D. Leonor de Montarroio Cerveira casou com Francisco de Faria e do matrimónio nasceu Manuel de Faria Cerveira.
Na Igreja de São João da Ribeira encontra-se a sepultura térrea de Francisco de Faria que faleceu a 9 de Junho de 1528.

A administração do Morgado de São João da Ribeira ficou assim na família dos Farias.


Por linhagem feminina o morgado chegou a Francisco de Novaes Cazado. O seu pai foi Nuno de Novaes Pimental e sua mãe D. Michaela de Almeida Cazada.
Francisco de Novaes Cazado era um fidalgo cavaleiro da casa real que foi Comendador da Ordem de Cristo e contador do mestrado da Ordem de Santiago de Cristo.
Francisco de Novaes Cazado era natural de Aldeia Galega do Ribatejo, casou com  D. Antónia Maria de Faria Cerveira, natural de Setúbal e de cujo matrimónio nasceu Tomás João de Novais Pimentel Faria e Cerveira.
Tomás João de Novais Pimentel Faria e Cerveira, natural de Setúbal, fidalgo cavaleiro da Casa Real, capitão de cavalos, casou com D. Francisca Josefa Caetana do Amaral, natural da freguesia de Nossa Senhora do Alecrim, Lisboa. Deste matrimónio nasceu Francisco de Novais Casado Pimentel Faria e Cerveira.
Francisco de Novais Casado Pimentel Faria e Cerveira era natural de Setúbal, morador em Lisboa e fidalgo cavaleiro da Casa Real que faleceu a 11 de Agosto de 1808.
Como curiosidade, estão bem documentadas as diligência de habilitação para a Ordem de Cristo, em 1744, de Francisco de Novais Casado Pimentel Faria e Cerveira.

O último registo que encontrei sobre o Morgado de São João da Ribeira, corresponde a João Maria da Piedade Coutinho de Seabra e Sousa Tavares, 21º Sr. dos Morgados de S. João da Ribeira. Este Sr. era também o 2º Visconde da Baía (Brasil) e possuía vários outros títulos e terras no Brasil

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