Este artigo vai-se debruçar sobre
a história da extração e transformação de ferro em Rio Maior.
Em termos históricos, o uso do
ferro tem uma importância muito relevante que levou a classificar uma época
como Idade do Ferro e que na Península Ibérica começou por volta de 1000-900
a.C. O uso do ferro segue-se ao uso do cobre e do bronze.
Em Portugal e com os romanos, o
ferro merece um relevo especial, havendo inúmeras explorações de jazidas de
superfície de minério de ferro. Nessa época seria o ferreiro que trataria de
todas as etapas de extração, fundição e forja que se misturavam entre si.
Em Rio Maior existem vestígios de
ter existido uma ferraria romana na zona do Matão (aproximadamente na zona do atual
parque de estacionamento da industria de carnes Nobre), pois foi descoberto um
túnel que levaria a água do rio para as oficinas em que o ferro era tratado.
Pode saber mais sobre este túnel,
em:
Durante o período visigótico e
muçulmana não existe qualquer referência à atividade metalúrgica, em consonância
com o que acontece com o resto de Portugal.
Com a Idade Média, a função de
extração do minério de ferro é separada do trabalho metalúrgico. Nesta época em
cada núcleo populacional haveria um ferrador e/ou ferreiro. Por esta razão a existência
de artesãos metalúrgicos não implica a existência de minas.
No entanto, só no século XIII é
que aparecem referências documentais da atividade de extração e trabalho do
ferro em Rio Maior. Os frades alcobacenses é que se dedicavam a este ofício
pois o ferro era fundamental na elaboração de ferramentas para a agricultura.
A 7 de Abril de 1250, D. Fernando
Mendes, abade de Alcobaça, faz inúmeras doações de possessões do mosteiro em
Rio Maior (moinhos, fornos, herdades, casas, vinhas, …) a D. Estevão Anes,
chanceler do rei Afonso III, mas ressalva que continuam na posse do mosteiro o
minério de ferro existente na região (“reseruamos nobis mineriam ferri que est
in heriditate quam habemus de Domna Vrraca fernandi. Et domos in quibus sunt
strumenta ad ferrum fundendum”). Nesta altura, o Mosteiro de Alcobaça explorava
uma mina de ferro em Rio Maior, na herdade deixada por D. Urraca Fernandes e
uma outra mina existente em Freiria.
Existe uma outra referência, de
1256, que trata de forma explícita e pormenorizada de uma oficina de fundição
de ferro em Rio Maior.
Ao longo do século XIII, aumentou
a preocupação da Coroa em controlar a exploração dos recursos de metais. Foi D.
Dinis que, em 1282, autorizou Sancho Peres e alguns sócios, com direitos
sucessórios, a explorarem minas de ferro por todo o reino, dando à coroa a
quinta parte de tudo o que extraíssem, e a dízima do aço e do ferro trabalhado.
Em resumo e em relação à
mineração de ferro na região de Rio Maior, ‘talvez’ se possa dizer que:
- Os romanos exploraram
intensivamente as jazidas mais importantes chegando mesmo a esgotar algumas
delas.
- Com a chegada dos povos
germânicos e dos muçulmanos assistiu-se a um retrocesso na exploração mineira.
- Na Idade Média houve um voltar
ao trabalho nas minas de ferro, embora não esteja bem documentada. Durante esta
época deve-se ter esgotado o minério fácil de apanhar na região de Rio Maior.
Na região existem mais referências
à extração e trabalho do ferro, como:
- Em Alcobertas também existem registos de
terem havido minas de ferro e de bronze.
- Existem topónimos em Rio Maior que indicam
atividades associadas ao ferro e/ou ferreiro, como é o caso de Fráguas que
deriva de ‘Frávegas’ e a Quinta da Ferraria.
- É sabido que um dos problemas das areias
siliciosas da Bacia de Rio Maior é o alto teor de ferro que pode atingir
valores de Fe2O3 na ordem de 1.800 a 2.200ppm.
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