Em
Rio Maior, existem duas Procissões Pascais. A Procissão dos Paços e a Procissão
do Enterro do Senhor. Ambas são da responsabilidade da Santa Casa da
Misericórdia de Rio Maior.
A
procissão do Enterro do Senhor tem início na Igreja Paroquial e passa por
diversas ruas da cidade. A solenidade termina na Igreja da Misericórdia com o
ato simbólico do Enterro do Senhor.
Nesta
cerimónia estão representadas as várias entidades de Rio Maior, como a Câmara
Municipal, a Junta de Freguesia, a Associação e Corpo de Bombeiros, os
Escuteiros e a Liga dos Combatentes. Durante o
percurso coube à Banda Filarmónica da Freguesia de São Sebastião o
acompanhamento musical. A solenidade é muito participada, havendo
muitos populares que acompanham a procissão e muitos outros que aguardam a sua
passagem para assistirem ao evento.
Esta
procissão já se realiza há muitos anos em Rio Maior.
Existe
um relato curioso envolvendo estas procissões pascais que se passou com a
procissão do Corpo de Deus em 1435. O dia do Corpo de Deus era é celebrado na
segunda quinta-feira após o domingo de Pentecostes (60 dias após a Páscoa) e
era dia feriado até 2012. Esta festa é a “festa de guarda” onde é celebrado o
mistério da Eucaristia.
Ora
em 1435, vários bens de Rio Maior foram penhorados pelo facto da população não
ter participado na procissão organizada em Santarém. A 20 de Julho de 1435 os
moradores de Rio Maior foram a Alenquer, onde a Corte portuguesa estava a
passar uns dias, obtiveram uma audiência e expuseram o facto de não terem ido a
Santarém devido à procissão se realizar já há muitos anos em Rio Maior.
Obtiveram um alvará de D. Duarte que ordenava aos juízes de Santarém à
devolução dos penhores e conseguiram ainda o direito a organizarem localmente a
sua festa e procissão. Posteriormente e com medo de novas intervenções dos Juízes
do Concelho procuraram a confirmação sucessiva do diploma, a 13 de Maio de 1440
em Santarém e a 24 de Agosto de 1449 em Óbidos. Este evento reforçou os laços
entre a comunidade de Rio maior e a igreja local, já que até então as relações
não eram muito próximas. O facto da igreja se encontrar fora do espaço da
aldeia e do outro lado do rio é exemplo do fraco envolvimento da população. Claro
que as ordens religiosas estavam envolvidas em alguns ramos económicos, como a
extracção de sal-gema nas salinas (pelo menos desde 1177) e a extracção de
ferro numas minas existentes no termo da aldeia referenciadas no século XIII.
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