O curso do rio Maior.
Como já foi referido em artigos anteriores, o rio Maior
nasce no local das bocas em Rio Maior e vai desaguar no rio Tejo em Azambuja.
Neste artigo vou focar no curso do rio Maior após sair do
Concelho de Rio Maior.
Os pontos que vão ser referidos, estão numerados no seguinte
mapa.
(1)
O rio Maior deixa o Concelho após passar por Azambujeira.
Neste local o rio Maior recebe a companhia da ribeira de Alcobertas e da ribeira
de Almoster, formando o Paul das Salgadas e entrando na Vala da Asseca pelo
paul de João Andrade. Um pouco mais atrás, na Vila da Marmeleira, o rio Maior
recebe água da ribeira do Juncal que passa por Arrouquelas e Assentiz.
A imagem seguinte mostra o paul das Salgadas com Azambujeira
por trás.
(2)
O rio Maior passa pela autoestrada A1 ao seu quilómetro 64 e
chega à Ponte do Celeiro seguindo sempre pela Vala da Asseca.
(3)
Ao rio Maior junta-se o Ribeiro das Fontainhas e dá-se a
chegada a Asseca.
Aqui o rio passa por baixo da estrada N3 e da linha de
caminho-de-ferro.
(4)
O rio segue em direção ao Vale de Santarém e pode novamente
ser atravessado por carro junto à Quinta de Santo António.
(5)
Antigamente o rio Maior desaguava no rio Tejo perto desta
zona, provavelmente perto de Carneiras.
Como se pode verificar na Carta da Correição de Santarém que
data de 1640 e que foi realizada por Teixeira da Mota, nesta época o rio Maior
desaguava no rio Tejo, entre Santarém e Cartaxo.
Na imagem seguinte vê-se a zona do rio Tejo bastante
plana, junto a Carneiras.
(6)
Uma das preocupações das habitantes desta zona sempre foram
as inundações.
Em Marvila, existe um marco no qual está registado o nível
atingido palas águas durante as últimas cheias (reconstruído em 1991).
Como curiosidade, o registo mais antigo é de uma cheia
ocorrida às 9 horas do dia 25 de Março de 1956 em que a água atingiu 0,71m. O
nível mais alto da água registado, verificou-se às 24 horas do dia 11 de
Fevereiro, com uma altura de 1,90m.
(7)
Um outro local em que está bem patente a preocupação com as
cheias é em Valadas em que existe um dique de proteção com vários quilómetros
de comprimento
(8)
Toda a planície que fica situada na margem norte do rio
Tejo, nesta zona, é bastante fértil e desde há muito tempo que alimenta a
capital com cereais e legumes.
Aqui existem várias quintas, como a Quinta da Fonte Bela.
(9)
Para regularizar o caudal do rio maior, controlando melhor
as cheias e para escoar os produtos e pessoas, o Marquês de Pombal, mandou
construir a Vala Real de Azambuja. Esta vala começou a ser construída no
reinado de D. José I e foi concluída no reinado de D. Maria I, ficando com um
comprimento navegável aproximado de 17 quilómetros. A vala já foi navegável por
embarcações (fragatas e barcos varinos) de 30/35 toneladas e foi administrada
pela empresa Companhia dos Canais de Azambuja. Por contrato, a empresa, tinha
que manter o canal navegável, entre o rio Tejo e a Ponte da Asseca (3) com uma carreira
diária para passageiros.
Quando o rio Maior passa pela ponte de Santana, já vai na parte
navegável da Vala Real.
(10)
Em Setil existe uma ponte do caminho-de-ferro que faz a
ligação entre a Linha do norte e a Linha do Sul (estas são as duas principais
linhas ferroviárias de Portugal).
(11)
O rio maior, continuando sempre pela vala Real, passa pela
ponte do Reguengo.
(12)
A partir daqui, várias ribeiras vão dar à Vala Real, como a
ribeira do Vale da pedra, a ribeira da Quinta da Caridade e a ribeira de
Aveiras.
A imagem seguinte é da Vala Real, sob a ponte em Azambuja
(estrada das Lezírias).
(13)
Para chegar ao à foz do canal, tem-se que percorrer um
caminho de terra bastante pitoresco.
(14)
Na união da Vala Real com o rio Tejo, foi erigido um
edifício, conhecido como o Palácio das Obras Novas. Este edifício, datado dos
finais do século XVII, funcionou como um posto de controlo do tráfego de
embarcações, pessoas e mercadorias. Chegou também a funcionar como entreposto e
estalagem de apoio à antiga carreira de vapores que funcionava entre Lisboa e
Vila Nova de Constança. Aqui ficaram instaladas importantes personalidades da
nobreza, como o Rei D. Carlos e o Príncipe Luís Filipe.
Atualmente encontra-se em ruínas.
A imagem seguinte, mostra a Vala Real, mesmo antes de
desaguar no rio Tejo.
Chama-se Vala Real pois a família real usava-a para as suas
frequentes deslocações a Salvaterra de Magos.
Por volta de 1852 passavam anualmente (em média) 3000
barcos, transportando 16.000 toneladas de carga e 18.000 viajantes.
O canal deixou de ter importância e entrou em declínio com o
aparecimento do caminho-de-ferro. A inauguração da primeira linha de caminho-de-ferro
em Portugal aconteceu a 28 de outubro de 1856 com o troço entre Lisboa e o
Carregado.
A Companhia dos Canais de Azambuja foi dissolvida a 30 de
Julho de 1857.
Pode saber mais sobre o rio Maior em:
Parabéns por este trabalho! Excelente!
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário.
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