O Governo chumbou hoje a Cimenteira em Rio Maior.
Esta é a segunda vez que as pretensões de se criar uma cimenteira em Rio Maior foram negadas, pois que no início da década de 80 o mesmo já tinha acontecido.
O projecto foi promovido pela empresa TECNOVIA e consistia basicamente em se criar na zona da pedreira que esta empresa já possui no lugar de ‘Senhora da Luz’ uma cimenteira. A TECNOVIA pretendia investir cerca de 100 milhões de euros e criar cerca de 100 postos de trabalhos.
O projecto começou logo a gerar muitas desconfianças pois foi posto em consulta pública no mês de Agosto e sem ser publicitado. O local pretendido para a implementação da cimenteira foi o grande ponto de discórdia pois fica numa zona protegida, ás portas da cidade de Rio Maior e como os ventos dominantes são de Noroeste as finas partículas resultantes da moagem iriam-se espalhar por todo o concelho podendo provocar problemas de saúde a todos os seus habitantes. A passagem de um elevado número de camiões pelas estradas locais e a aparente incompatibilidade de se querer uma cidade do desporto com a cimenteira, levou a que um grupo de cidadãos se começasse a mobilizar.
Foi criada uma petição na Internet ‘Em defesa do Desenvolvimento e do Ambiente de Rio Maior’ que contava mais de 300 assinaturas, envolvimento do movimento cívico ‘Ar Puro’ que promoveu um debate sobre o projecto da cimenteira e outras iniciativas que foram realizadas com o intuito de questionar o projecto e reduzir ou eliminar os seus pontos mais negativos. O projecto foi de imediato contestado por diversas organizações ambientalistas que emitiram pareceres negativos, como a Quercus, a Oikos e a Geota.
As razões do chumbo do Ministério do Ambiente foram basicamente as seguintes:
- Incompatibilidade do projecto com os instrumentos de gestão territorial
(Lembrar que a cimenteira iria ficar dentro da ‘Rede Natura 2000 PTCON 0015’, ser vizinha do ‘Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros’ e situar-se a menos de 2Km da cidade de Rio Maior).
- Grande perturbação no trânsito
(Estava previsto o trânsito de cerca de 20 camiões por hora o que iria sobrecarregar as estradas, nomeadamente a estrada nacional 1).
- Falta de clareza e ambiguidades quanto ao processo de fabrico
(No projecto que foi levado a consulta pública nada indicava o tipo de equipamentos que iriam ser instalados).
- Falta de justificação para a construção da fábrica de cimento
(Num raio de 60km existem já 3 cimenteiras e devido à crise económica actual, a capacidade instalada no país para o fabrico de cimento é claramente excedentária).
- A futura linha do TGV Lisboa-Porto deverá atravessar na área pretendida para a construção da cimenteira
(A criação da cimenteira iria obrigar a redesenhar o traçado da ligação de alta velocidade entre Lisboa e Porto ou então, à cimenteira ir buscar a matéria-prima integralmente a outras pedreiras pois a linha de comboio vai provavelmente implicar a paragem da pedreira).
Penso que as razões do chumbo da proposta para a criação da cimenteira são razoáveis e que de alguma forma vão ao encontro das pretensões de grande parte dos habitantes do concelho. É legitimo pensar que em tempo de crise não se deva rejeitar investimentos e postos de trabalho, mas este projecto poderia trazer grandes problemas de saúde para os habitantes, bem como a perda de investimentos e postos de trabalho noutros sectores. Não sou contra a cimenteira, não concordo é com a localização proposta.
Por curiosidade fica de seguida o processo de fabrico de cimento, retirado do relatório síntese do Estudo de Impacte Ambiental da Fábrica de Cimento de Rio Maior.
O chumbo deste projecto é uma vitória para a saúde pública, a qualidade de vida e a possibilidade de um desenvolvimento sustentado na cidade e no concelho de Rio Maior.
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