Quem olha para esta imagem diz
que é mais um local clandestino para depositar entulho e restos de mobiliário.
Este local fica perto das Salinas
de Rio Maior a cerca de 500m para SE.
O triste e incompreensível é que
este espaço é um dos locais mais relevantes de Portugal relativamente a achados
dos períodos Magdalenense e Mesolítico.
Mais triste é dizer que este é um
local raro em que se consegue recolher provas sobre a evolução da humanidade
pois foram encontrados achados dos períodos: Gravetense, Proto-Solutrense,
Magdalenense, Mesolítico, Neolítico Antigo, Calcolítico, Idade do Bronze e
Romano. Portanto estamos a falar de um período que cobre uma parte significativa
da humanidade que vai dos anos 28.000a.C até ao fim do período Romano, 400d.C.
Falando sobre o Paleolítico
Superior e transição para o Neolítico (que inclui os períodos Magdalenense e
Mesolítico), convém referir que a região de Rio Maior era bastante diferente da
atual.
O tempo era instável e vivia-se
alternâncias entre épocas glaciares e interglaciares. O mar estava bastante
mais longe (a terra estendia-se por mais 30km para Oeste) pois o nível médio
das águas do mar era mais baixo (entre 60m e 100m) e a vegetação também era
diferente (composta por charnecas, pinheiros e carvalhos).
Na imagem seguinte consegue-se
ver um mapa da Europa da altura do Paleolítico. Como curiosidade constata-se que
a atual Inglaterra estava ligada à placa continental.
Pelo tipo de vestígios deixados
relativos às matérias-primas usadas e modos de organização social é de prever
que os habitantes do centro de Portugal estivessem divididos em 3 grupos
étnicos.
Passando a falar do sítio arqueológico
“Cabeço de Porto Marinho”.
É um habitat localizado em Rio
Maior, na vertente Sul de um cabeço sobranceiro ao vale das ribeiras de S.
Gregório e da Pá.
A jazida foi descoberta em 1986 e
já na altura se encontrava parcialmente destruída por ação de um areeiro e pela
plantação de eucaliptos.
O espólio encontra-se espalhado
por uma área com cerca de 2500m2 sendo até ao momento escavado cerca de 5% do
total.
As peças encontradas são:
Indústria lítica (lâminas, lamelas, raspadeiras, raspadoras, buris...),
cerâmica neolítica, do Bronze e romana. O espólio proveniente das escavações de
1987 e 1988 encontra-se depositado nas instalações do Museu Nacional de
Arqueologia.
As peças que foram datadas de
forma absoluta, por luminescência ou radiocarbono, vão de 19220+/-280 anos até
3030+/-90 anos.
Foram 13 os trabalhos realizados
neste sítio arqueológico.
Prospeção (2019) - Plano de Pormenor e
Salvaguarda das Marinhas do Sal, Rio Maior
Prospeção (2011) - Revisão do PDM de Rio
Maior
Escavação (1998) - PNTA/98 - A Pré-História
do Maciço Calcário
Escavação (1994) - As adaptações humanas
durante o Plistocénico
Escavação (1993) - As adaptações humanas
durante o Plistocénico
Escavação (1992) - As adaptações humanas
durante o Plistocénico
Escavação (1991) - As adaptações humanas
durante o Plistocénico
Escavação (1990) - As adaptações humanas
durante o Plistocénico
Escavação (1989) - As adaptações humanas
durante o Plistocénico
Levantamento (1989) - Carta Arqueológica do
Parque Natural das Serras d'Aire e Candeeiros
Sondagem (1988) - As adaptações humanas
durante o Plistocénico
Sondagem (1987) - As adaptações humanas
durante o Plistocénico
Estudo de Espólio (1986) - Carta
Arqueológica de Rio Maior
Estes locais têm de ser identificados,
protegidos, estudados e cuidados.
Em Julho de 2017 e perto deste
local (a menos de 200 metros) uma área contendo vestígios romanos sofreu uma
terraplanagem com movimentação de terras feitas pelo proprietário mas sem
nenhum controlo. O que é perdido agora, nunca mais poderá ser recuperado. O
local da terraplanagem ainda continua hoje sem nenhum propósito.
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