terça-feira, 7 de maio de 2019

O Lugar das Bocas e as suas galerias subterraneas


Que o rio Maior tem tido menos caudal nos últimos anos é um facto. 
De recordar que ainda no século passado Rio Maior tinha muitas azenhas movidas pela força das águas do rio, chegou a ter uma unidade industrial, a Moagem Maria Celeste, cujo acionamento era hidráulico e chegou mesmo a ter uma central hidroelétrica. Segundo alguns relatos, o rio Maior era mesmo navegável a partir de São João da Ribeira até ao rio Tejo. 
Vendo o caudal que sai pelas nascentes das Bocas nota-se que as principais nascentes do rio secam muito rapidamente quando o período de chuvas acaba.
Uma das razões para esta mudança, pode estar na água ter encontrado outras saídas preferenciais pelo maciço calcário da Serra dos Candeeiros saindo assim menos água na zona das Bocas. 
A nascente nas Bocas está bem descrita num artigo de Christian Thomas em 1991. “Grande ressurgimento na parte Sul do planalto dos Candeeiros. Esta nascente está bloqueada pelos blocos de pedra caídos, sobre os quais se construiu a estrada que liga Rio Maior a Caldas da Rainha.”
Em 1988, João Neves descobriu uma pequena entrada que após um percurso estreito dá acesso a um sifão que ele explorou até cerca de 100 metros. É por esta zona que passa a água que vai alimentar o rio Maior. 
A planta e o corte da passagem encontrada e explorada estão no topo deste artigo.

Sobre esta entrada também pode saber mais em: 


Mais recentemente, no Verão de 2016, membros da Associação AESDA e XploraSub confirmaram os mapas acima descritos e completaram-nos ainda mais.
Nesta nova exploração descobriram mais de 150 metros de novas galerias subterrâneas. Esta expedição permitiu ainda detetar um novo algar que dá acesso à zona freática da gruta e que se encontra à cota absoluta dos 100 metros.




Pode saber mais sobre esta exploração em: 

Neste artigo fica assim mostrado que por baixo do maciço calcário da Serra dos Candeeiros existem reservatórios de água e uma grande ramificação de rios subterrâneos que como qualquer curso de água vai criando novos caminhos com o passar dos anos.
Claro que os furos de captação de água da empresa Águas do Oeste também desviam uma parte da água para uso público. 

Pode saber sobre um estudo de 1867 para aproveitar esta água no abastecimento de Lisboa, em: 
http://rio-maior-cidadania.blogspot.pt/2013/02/estudo-de-1867-para-abastecer-agua.html
Pode saber mais sobre a Moagem Maria Celeste em: 
https://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2010/01/moagem-maria-celeste.html 
Pode saber mais sobre a antiga Central Hidroelétrica em:

1 comentário:

  1. Notável, Américo Cardoso,

    este trabalho de pesquisa e informação a todos os já interessados e certamente ganhando outros, para que conheçam mais um pouco (mas importante) do rio Maior, afluente do Tejo, que pode passar ou não nas proximidades das suas terras, como acontece no caso do Vale de Santarém.

    Pela minha parte e em nome do Movimento Ecologista do Vale de Santarém, MUITO OBRIGADO.

    Abraço, de saudações ecologistas,

    Manuel Sá

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