Na Quinta do Carvalhal de Cima, foram encontradas ossadas de
mamutes em 1909.
Este achado foi encontrado pelo proprietário, o Eng.
Francisco Ferreira Campos quando abria uma mina de água (que ainda existe e que
entra vários metros em direção à zona urbana de Azambujeira) e as escavações
foram acompanhadas na altura pelo Abade Frevly Francis que era à época, um dos
maiores entendidos no assunto. O dente de mamute, segundo relatos, tinha o
tamanho de uma cabeça humana.
As ossadas de mamute, encontravam-se junto à casa principal,
no local a onde já existiu uma alfarrobeira e no meio do que já foi em tempos
um belíssimo jardim, admirado por muitos, já que o Sr. Campos, nas suas
viagens, costumava trazer plantas exóticas que aqui as replantava.
O mamute foi identificado, como sendo da Época Terciária e
do tipo Mastodon, Tetrabelodon Angustidens, do mesmo tipo que outro encontrado
em Lisboa por Sousa Torres em 1935.
Mesmo atualmente, nesta zona, conseguem-se encontrar com
facilidade fósseis, o que levou o Sr. Campos a defender a sua tese de que na
época Terciária, o mar chegava até Azambujeira (Mar de Thétis), conforme
publicados em 1936.
Em abono da verdade, Mastodonte e Mamute não são da mesma
espécie, embora sejam muito semelhantes e só se consigam distinguir pelo
período em que viveram e por algumas particularidades nos dentes.
Fica de seguida uma imagem que mostra os três ‘primos’:
Mastodonte (há frente), elefante (ao meio) e o mamute (a trás). Deve-se notar
que há muitos subgrupos destas famílias que provocam variações muito
significativas de altura entre elementos da mesma espécie. Na figura, estão
representados o elefante africano e o mamute colombiano.
Francisco Ferreira Campos era um amante da Paleontologia e
apesar de ser Engenheiro de Máquinas da Armada e Engenheiro de Obras Públicas e
Minas, vivia rodeado pelos seus livros e achados.
Infelizmente e após o falecimento de Francisco Campos
(1856-1942) a coleção de livros e de animais pré-históricos ficou com paradeiro
desconhecido.
Os mamutes, foram praticamente todos extintos há 10 mil
anos, no final de Era do Gelo, quando na altura percorriam em rebanho o
território da Eurásia e América do Norte. Uns argumentam que foram as mudanças
climáticas as culpadas pela extinção, outros afirmam que os mamutes foram caçados
até a extinção pelo homem, o predador dominante.
No entanto houve uma colónia de mamutes lanudos que
sobreviveu até há 4 mil anos atrás, na atual Rússia, onde hoje se encontra a
ilha Wrangel (no norte da Sibéria).
Em 2007, na Sibéria, foi descoberto um bebé mamute num
extraordinário estado de conservação, o que está a levantar esperanças na
comunidade científica de voltar a criar um mamute vivo, a partir do DNA desta
cria.
Até há pouco tempo atrás, alguns paleontólogos afirmavam que
a espécie mamute não chegou a existir na Península Ibérica. Contudo são vários
os relatos de achados de mamutes, como o do Prof. Telles Antunes que encontrou
fragmentos de dente de mamute na Gruta da Figueira Brava, na Serra da Arrábida
(Setúbal). Existem igualmente vestígios seguros de mamutes em Granada, Espanha.
É agora aceite que os mamutes viveram mesmo na Península Ibérica, há cerca de
150 mil anos e eram do tipo Mamute Lanoso (Mammuthus Primigenius).
Por último, faz pena ver o estado de abandono e de ruína a
que estão entregues as quintas de Carvalhal de Cima e de Carvalhal de Baixo.
Quinta de Carvalhal de Cima.
Quinta de Carvalhal de Baixo (com a data por cima da porta
de 1830).
Não resisto a mostrar uma fotografia minha de 1997 em frente
às ossadas de um mamute, no Museu de História Natural em Nova Iorque (USA).
Muito, muito interessante. Não fazia a mínima ideia de que em Azambujeira (proximidades) tinham sido encontradas ossadas de mamutes. E o post dá muito boas informações, a suscitar uma outra procura, e uma viagem até ao sítio. Muito obrigado por este trabalho, Américo.
ResponderEliminarAbraço,
Manuel Sá
Obrigado pelo comentário. Este blog é o meu ato de cidadania e encontra-se aberto a todos os que queiram participar.
ResponderEliminarAbraço, Américo.