Ocorreu hoje, em Póvoas, mais um debate promovido pelo
Movimento Cívico Ar Puro, sobre o tema “Problemas Ambientais da Região do rio
Maior”.
Estiveram presentes muitos populares, deputados da
Assembleia da República de praticamente todos os quadrantes políticos,
representantes de associações populares de vários concelhos abrangidos pela
bacia hidrográfica do rio Maior, membros do Movimento Cívico Ar Puro e jornalistas
convidados.
Foi unânime a consideração que o tema da poluição não é
partidário e o que se exigiu foram respostas urgentes para que os direitos e
bem estar das populações e do ambiente sejam respeitados.
O rio Maior é em Portugal o quinto maior afluente do rio
Tejo, quer em termos de caudal, quer em termos de dimensão da bacia hidrográfica,
isto segundo dados oficiais. Também segundo dados oficiais, a qualidade da água
do rio Maior é medíocre e a principal fonte de poluição advém das suiniculturas.
Estão referenciadas outras fontes de poluição, como a
agricultura, os esgotos não tratados e também a muito visível e sentida
poluição sazonal causada pela industria transformadora de tomate em São João da
Ribeira.
Estando na sala habitantes de vários concelhos servidos pelo
rio Maior, um dos presentes citou o Nobel da Literatura, José Saramago, com a
expressão: Não adianta tratar o rio por onde ele passa se a fonte está
contaminada.
E mais propriamente sobre a nascente do rio Maior foi também referida a degradação devida à plantação de eucaliptos na área que serve de retenção de águas às nascentes.
E mais propriamente sobre a nascente do rio Maior foi também referida a degradação devida à plantação de eucaliptos na área que serve de retenção de águas às nascentes.
Foram mostradas por populares doutros concelhos fotos de um
rio Maior morto, cheio de Jacintos de Agua (planta proibida e cuja proliferação
muito se deve aos elementos fecais transportados pelo rio) e o leito coberto
com lamas de dejetos com bolhas de gás metano a sair por entre a imundice.
Todos estiveram de acordo em unir esforços para realizar
ações conjuntas com o intuito de conseguir salvar o que ainda se puder do rio
Maior.
Como o mau estado ambiental tem impacto na qualidade de vida
das pessoas, vieram à memória de muitos presentes, incluindo alguns
parlamentares, o terem aprendido a nadar no rio Maior, as idas à pesca, os
passeios ao longo das margens do rio, a atividade económica gerada pelo rio,
...
Nascente do rio Maior (Bocas)
Lavadeiras na zona da antiga Central Elétrica
Moinho da Ordem em S. João da Ribeira
Passagem de gado perto da Ponte da Asseca
Foram relatadas pelos populares que vivem junto de
suiniculturas, os atentados diários de que são alvo e aos quais não conseguem
que nenhuma entidade lhes socorra:
- Mau cheiro e o mau cheiro implica problemas de saúde
devidos à má qualidade do ar;
- Água dos poços contaminada;
- Problemas de sono devido a ruído noturno dos animais;
- Infestações de moscas e mosquitos;
- Infestações periódicas de ratos e outros rastejantes;
- Desvalorização das propriedades e impossibilidade de
vender as casas;
- Estigmas causados por morar numa zona conectada com porcos
e dos jovens serem vítima de ‘bullying’ nas escolas por maus cheiros
entranhados na roupa.
Apesar dos atentados referidos, os populares não pretendem
que as suiniculturas fechem, mas que os requisitos legais sejam cumpridos.
Existem suiniculturas a laborar em condições, como foi relatado por uma
deputada que vive perto de uma suinicultura.
Com tantas suiniculturas no concelho de Rio maior e tanta
dificuldade em tratar os seus afluentes, parece inconcebível que a estação de
tratamento de efluentes suinícolas de Alcobertas esteja ao abandono após ter
sido considerada pioneira na altura da sua inauguração em 1995.
O problema com as suiniculturas está naquelas que não
cumprindo com os requisitos legais continuam a laborar com a conivência dos
organismos oficiais. Existe um ‘jogo’ de ‘lavar as mãos’ e de falta de
articulação entre as várias entidades que as leva a não cumprirem a sua função
prioritária que é proteger o cidadão.
Foi relatado que a maioria das suiniculturas que causam
problemas provém de pequenas criações familiares que foram crescendo e tomaram
proporções industriais e que para facilitarem a sua atuação mentem em relação
ao número de efetivos animais existentes na exploração.
Para desmontar o mito que as casas é que foram aparecendo à
volta das suiniculturas (Já que se esta fosse uma realidade, então era uma
grave ilegalidade cometida pelo serviço de licenciamento da Câmara Municipal), foi
referido que nos casos falados no debate, as casas são todas muito
antigas, como facilmente se poderia provar pelo seu registo predial.
Em conclusão, todos temos o direito a ter qualidade de vida
e a ver a água doce, considerado o bem mais precioso do planeta, devidamente
protegido.
O povo quando unido por uma causa justa, consegue-se fazer ouvir, como o Movimento Cívico Ar Puro conseguiu que o processo das suiniculturas de Rio Maior fosse enviado para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e para a Provedoria de Justiça.
O povo quando unido por uma causa justa, consegue-se fazer ouvir, como o Movimento Cívico Ar Puro conseguiu que o processo das suiniculturas de Rio Maior fosse enviado para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e para a Provedoria de Justiça.
Fica de seguida, o ‘recorte’ parcial de alguns artigos que podem ser
lidos na integra no espaço do Movimento Cívico Ar Puro, em:
Câmara Municipal de Rio Maior (23 Set 1998)
Governo Civil de Santarém (20 Dez 2011)
Grupo Parlamentar do PS (24 Out 2012)
Conhecemo-nos ontem. Oxalá consigamos chegar aos resultados concretos que ambicionamos - a despoluição do Rio Maior - um direito que têm todas as populações ao longo do curso do rio, que é de todos, e não um vazadouro para suiniculturas e outras actividades que, para funcionarem, têm de cumprir as regras que estão estabelecidas, só que não o fazem, com a cobertura de "muita gente" responsável. Estou confiante em que, com novas e mais alargadas iniciativas, se consiga maior apoio à população de Póvoas e lançar um movimento mais envolvente para trazer à acção outras populações igualmente prejudicadas pelo que se passa no rio Maior.
ResponderEliminarParabéns pelo seu blog.
Manuel Sá
Obrigado pelo seu comentário.
ResponderEliminarEspero que o meu artigo desperte consciências e que as populações tenham uma participação ativa de cidadania, sempre de forma positiva, mas intransigente na defesa dos direitos e valores.
Muito bom artigo, por pena minha estou no estrangeiro e não pude comparecer a esta excelente iniciativa. Espero que o debate tanto como o seu artigo sejam uteis ao futuro da "bela e acolhedora" localidade de Póvoas.
ResponderEliminarCumprimentos, Michael Santos.