Ruy de Moura Ribeiro Belo 1933-1978
Ruy Belo foi um notável poeta e ensaísta português.
Nasceu a 27 de Fevereiro de 1933 na freguesia de São João da Ribeira, filho de professores primários. Por volta de 1943 os seus pais mudam-se para Santarém e Rui Bello os acompanha fazendo o seu percurso liceal nesta cidade partindo depois para Coimbra em 1951, onde frequentou o curso de Direito e se tornou membro da Opus Dei (1951-1961). Transferiu-se mais tarde para Lisboa (após a morte do pai) concluindo o seu curso em 1956, depois foi para Roma (logo em 1956) tendo-se doutorado em Direito Canónico pela Universidade S. Tomás, tendo a obra ‘Ficção Literária e Censura Eclesiástica’ servido como tese (fez a apreentação da tese em 1958).
Regressou a Lisboa, onde trabalhou no campo editorial e em 1961 entrou para a Faculdade de Letras de Lisboa com uma bolsa para investigação da Fundação Calouste Gulbenkian.
Casa-se em 1966 com Maria Teresa Carriço Marques e do casamento nasceram três filhos.
Em 1967 concluiu a Licenciatura em Filosofia Românica.
Abandonou a Opus Dei e entre 1971 e 1977 foi leitor de Português em Madrid.
Regressou novamente a Portugal e passou a dar aulas na Escola Técnica do Cacém.
Acabou por falecer a 8 de Agosto de 1978 na sua casa em Queluz, vítima de um edema pulmonar. Os seus restos mortais foram a enterrar no cemitério de São João da Ribeira.
Em 1991, foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada (Título póstumo).
A 27 de Agosto de 2005 foi inaugurada em Queluz a Biblioteca Ruy Belo, a primeira biblioteca municipal da cidade.
No dia em que se comemorou os 75 anos do nascimento do poeta, a 27 de Fevereiro de 2008, a Câmara Municipal de Rio Maior, lançou o Prémio Nacional Poeta Ruy Belo com o objectivo homenagear o autor e de distinguir obras poéticas em língua portuguesa.
Ruy Belo ao longo da sua vida destacou-se pela tradução de vários autores estrangeiros e pela edição de vários livros de sua autoria como:
1961 – Aquele Grande Rio Eufrates
1961 – Poesia Nova
1962 – Problema da Habitação
1966 – Boca Bilingue
1969 – Na Senda da Poesia
1969 – Homem de Palavra
1973 – País Possível
1973 – Transporte mo Tempo
1977 – A Margem da Alegria
Em 1981, a sua obra organizada em três volumes com o título ‘Obra Poética de Ruy Belo’, foi considerada uma das obras cimeiras da poesia portuguesa contemporânea.
Gostaria de deixar aqui dois poemas de Ruy Belo.
‘Tristeza Branda
Num dia destes de tristeza mansa
cansado já de tanto experimentar
eu que só ainda me não matei
talvez gostasse de me matar
Mas se porventura me desse mal
que ao menos fosse lícito voltar
Ver os amigos e os inimigos
e pelas ruas outra vez passear
Mas agora que cantei da tristeza
não observo já os mais leves traços
e a minha maneira de me matar
é deixar cair ambos os braços’
‘O Valor do Vento
Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
o vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
o vento é o melhor veículo que conheço
só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em Agosto
mas só hoje soube verdadeiramente o valor do vento
o vento actualmente vale oitenta escudos
partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto’
Na pedra tumular de Ruy Belo que se encontra no cemitério de São João da Ribeira, pode-se ler um seu poema.
‘Trinta dias tem o mês
E muitas horas o dia
Todo o tempo se lhe ia
Em polir o seu poema
A melhor coisa que fez
Ele próprio coisa feita
Ruy Belo portugalês
Não seria mau rapaz
Quem tão ao comprido jaz
Ruy Belo, era uma vez’
A casa em que Ruy Belo nasceu também existe e está assinalada com uma placa de homenagem dos seus antigos amigos e colegas de escola de São João da Ribeira. A casa foi recuperada e inaugurada em 27 de Fevereiro de 2004. Pretendia ser um espaço cultural aberto ao público e no qual se deveria de poder aceder ao espólio digitalizada do obra do poeta.
A casa simples em que o poeta nasceu poderia estar mais bem cuidada, embora o que poderia e merecia ter era alguma sinelética para indicar a sua localização.
Em Oeiras, no Parque dos Poetas inaugurado em Junho de 2003, pode-se encontrar uma estátua de Ruy Belo.
Este projecto que nasceu da vontade de homenagear os poetas e a poesia nacional, viu a sua implementação dividida em duas fases, indo no final ficar com 60 estátuas de 60 autores de lingua portuguesa. A estátua de Ruy Belo que já pode ser contemplada neste parque, fez parte dos 20 autores selecionados para a primeira fase.
A 27 de Fevereiro de 2011, ao se comemorar o 78º aniversário do poeta, foi inaugurado o busto dele junto ao edifício da Junta de Freguesia de São João da Ribeira.
Estiveram presentes entre outros, Maria Cavaco Silva (Esposa do Presidente da República), Isaura Morais (Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior) e Teresa Belo (Viúva do poeta).
O busto é de autoria do escultor das Caldas da Rainha, Herculano Elias.
Pode conhecer o painel alusivo ao poeta, inaugurado em 2013 no Jardim Municipal, em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.pt/2013/03/mural-ruy-belo-no-jardim-municipal.html
Pode conhecer os painéis de azulejos e graffiti feitos em memória do poeta em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.pt/2012/03/paineis-ruy-belo.html
Pode consultar um postal do poeta para Gastão Cruz em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/09/postal-de-ruy-belo-gastao-cruz.html
Pode conhecer o painel alusivo ao poeta, inaugurado em 2013 no Jardim Municipal, em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.pt/2013/03/mural-ruy-belo-no-jardim-municipal.html
Pode conhecer os painéis de azulejos e graffiti feitos em memória do poeta em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.pt/2012/03/paineis-ruy-belo.html
Pode consultar um postal do poeta para Gastão Cruz em:
http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2011/09/postal-de-ruy-belo-gastao-cruz.html
Excelente poeta.
ResponderEliminarVisite as Aldeias Históricas de Portugal através deste vídeo:
http://aldeiadaminhavida.blogspot.com/2010/06/espreite-as-aldeias-historicas.html
Jocas gordas
Lena
Um dos "meus" poetas. A ele volto com frequência. Sempre com o prazer da revelação. Dei por mim, recentemente, a revisitar os poemas em que fala das oliveiras e do rio da sua aldeia, o rio Mior. Fiz um pequeno trabalho sobre Ruy Belo, para uma peça de teatro. Visitei a aldeia, estive de conversa com a sua amiga de escola, quando ainda se pensava na casa-museu. Mais recentemente soube que estará um pouco abandonada. Está? É pena. Ruy Belo. Vai-me acompanhar até ao fim.
ResponderEliminarManuel Sá