sábado, 9 de março de 2013

Alcaide-mor de Rio Maior


Rio Maior já teve alcaide.
No tempo da reconquista cristã, alcaide designava em Portugal o magistrado de origem nobre, nomeado pelo rei. Desempenhava funções militares na cidade ou vila, residindo normalmente no castelo local. Com o fim da guerra com os muçulmanos, o alcaide tornou-se um mero magistrado judicial e com o passar dos séculos a magistratura tornou-se num título honorífico.
Este castelo em Rio Maior, a existir conforme alguns relatos, deveria de ter uma dimensão semelhante ao castelo de Alcanede e possivelmente recuperado de uma antiga edificação árabe.
Certo é a existência do Paço Senhorial Medieval que estaria integrado ou junto à fortificação. As fundações do Paço já estiveram a descoberto e constatou-se que a estrutura sofreu várias obras de ampliação e reparação, sendo que no século XVII o que restava foi demolido para criar o adro da igreja de Nossa Senhora da Vitória.
Pode saber mais sobre a capela e o paço medieval em:
Vamos à história do Alcaide de Rio Maior.

Desde meados do século XIV que a Coroa Nacional, começou a doar os direitos e rendas das aldeias a vassalos régios.
Em Rio Maior, o cavaleiro Estevão Lobo foi o primeiro a usufruir destas doações, em 1362.
Seguiu-se o cavaleiro Afonso Novais que em 1367 cedeu a renda a sua mulher, D. Maria Afonso.
Em 1379 a doação passou a ser perpétua quando foi entregue a Gonçalo Vasques Coutinho que tinha como genro Gonçalo Vasques de Azevedo, alcaide-mor de Santarém.
Durante o reino de D. Fernando (1367-1383), as rendas e os direitos passaram para Gonçalo Gomes de Abreu e sua mulher, Violante Afonso.
Em 1385, já no reinado de D. João I, Rio Maior foi entregue a Vasco Martins de Melo.
Pouco depois, Rio Maior foi entregue a D. Nuno Álvares Pereira. 
D. Nuno Álvares Pereira foi um dos filhos de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital. Com a morte do Rei D. Fernando de Portugal em 1383, Portugal corria o risco de perder a independência para os castelhanos, pois a princesa D. Beatriz, única herdeira, era casada com o Rei João I de Castela. Nuno Álvares Pereira, foi dos primeiros a apoiar as pretensões de João, Mestre de Avis à coroa nacional e tornou-se um dos homens mais importantes de Portugal com a demonstração do seu génio militar ao vencer as difíceis batalhas dos Atoleiros, de Aljubarrota e de Valverde e do reconhecimento de D. João como Rei de Portugal. Foi largamente recompensado em doações de terras, privilégios e honrarias por D. João I.
A casa de Bragança foi fundada pelo rei D. João I e por Nuno Álvares Pereira com o casamento do príncipe bastardo D. Afonso com a filha de Nuno Álvares, D. Beatriz Pereira Alvim que foi realizado a 1 de Novembro de 1401. Os dotes feitos pelo Rei D. João I e por Nuno Álvares Pereira foram de tal ordem grandiosos que a Casa de Bragança se tornou a mais rica de Portugal. De entre as terras recebidas, deveria de estar incluída a região de Rio Maior.
No entanto, há registo de D. Nuno Álvares Pereira ter entregue ainda em vida os direitos e as rendas de Rio maior a um cavaleiro da terra, Pedro Afonso do Casal. A linhagem Casal permite recuar em Rio Maior a pelo menos a meados do século XIII.
O poder da Casa de Bragança foi suprimido por D. João II que não via com bons olhos o poder desta casa e mandou degolar D. Fernando II, terceiro Duque de Bragança, num processo de condenação de traição mal explicado. D. Jaime, herdeiro da Casa Ducal, de apenas 4 anos, foi desterrado em Castela. Assim, na década 90 do Século XV, Rio Maior é entregue a D. Fernando de Meneses, Conde de Alcoutim.
No entanto o Rei D. Manuel I, que era tio de D. Jaime de Bragança, em 1500, convida-o a regressar à corte e devolve-lhe os títulos e terras retirados. Rio Maior volta então a pertencer à Casa de Bragança. D. Jaime constrói o Palácio de Vila Viçosa e remodela várias residências ducais, como o castelo de Porto de Mós.
 
Em 1510, nasce D. Teodósio I, quinto Duque de Bragança. Em 1563, D. Teodósio faz um testamento em que aparece referências a Rio Maior.
Na página 242, do livro “Provas da Historia Genealógica da Casa Real Portugueza” de 1745, aparece: “Item: Hase de tirar tambem do monte maior o dinheiro, porque vendi Rio Maior a Martim Affonso de Sousa, e ...”.


Martim Afonso de Sousa, foi um nobre e militar português, descendente por linha bastarda do rei Afonso III de Portugal e nasceu na década de 1490, vindo a falecer em Julho de 1571.
Senhoriou, desde 1542, a vila de Alcoentre, ocupando-se desde esta data a engrandecer a sua casa senhorial. Em data incerta, assumiu a alcaidaria-mor de Rio Maior.
Do casamento de Martim Afonso de Sousa e de Ana Pimentel, nasceram numerosos filhos, entre os quais, Pedro Lopes de Sousa, senhor de Alcoentre e Alcaide-mor de Rio Maior.

No livro ‘Memorias Historicas, e Genealogicas dos Grandes de Portugal’ de 1740, pode-se seguir as referências de Alcaide-mor de Rio Maior, ligado ao conde de Vimeiro.

D. Francisco de Faro, terceiro neto de D. Fernando, duque de Bragança, foi o 1º conde de Vimeiro e faleceu em 1617. Casou com Dona Maria da Guerra, filha de Pedro Lopes de Sousa.
O titulo de Alcaide-mor de Rio Maior, volta a ser referido para D. Diogo de Faro e Sousa, nascido em 1620 e falecido a 25 de Setembro de 1698. Pertencente à ordem de Cristo e de Avis, foi 7º senhor de Vimeiro e das vilas de Alcoentre, Tagarro, Quebradas, ... Foi Alcaide-mor de Rio Maior e de Mora. Casou em 1658 com D. Francisca de Meneses.
O titulo segue pela descendencia: D. Sancho de Faro, 8º senhor de Vimeiro, casou com Dona Isabel de Luna e Carcomo; D. Diogo de Faro, 9º senhor de Vimeiro, casou com Dona Francisca de Noronha; D. Sancho de Faro, 2º conde de Vimeiro (renovado pelo Rei D. João V), casou com a Condessa Teresa de Mendonça; D. Diogo de Faro (1705-1741), 3º conde de Vimeiro, Casou com a Condessa Maria Jozefa de Menezes; D. Sancho de Faro (n 1735), 4º conde de Vimeiro.


Apesar da data não coincidir, existem noutros artigos referências ao Alcaide-mor de Rio Maior com D. Vicente Roque José de Sousa Coutinho Monteiro, nascido em 28 de Dezembro de 1726 em Lisboa e filho de Rodrigo de Coutinho Castelo Branco e Menezes e de D. Maria Antónia de Sousa Boaventura de Menezes Paim (Filha de Fernando de Sousa Coutinho, 12º Conde do Redondo).
D. Luís Roque de Sousa Coutinho Monteiro Paim (1783-1850), 3º Conde de Alva e 1º Marquês de Santa Iria, também era alcaide-mor de Rio Maior.

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