Em Alcobertas, a cerca de 200 metros do centro da povoação fica situado o antigo forno medieval (junto ao maciço no qual existem os ‘Silos’).
O forno foi descoberto na década de cinquenta do século passado quando se procedia à limpeza de terrenos para a instalação de uma fábrica de cerâmica. Segundo registos de 1959 já na altura se verificou que o forno seria muito antigo pois foi encontrado por baixo de sedimentos de barros com mais de metro e meio de altura e por cima destes existia uma oliveira multi-centenária. Posteriormente foi construída uma protecção em tijolo a envolver o forno com uma cobertura de telha possivelmente para proteger o achado. Com o tempo o local ficou ao abandono até que no início dos anos oitenta o telhado e grande parte das paredes ruíram. Elementos do rancho folclórico dos Chãos retiraram o entulho provocado pela derrocada e procederam à limpeza do forno.
Em 1987 o arqueólogo Humberto Nuno de Oliveira fez um estudo do local e informou a câmara municipal de Rio Maior da urgência em preservar o que restava do forno.
Em 1998 Os serviços de arqueologia da câmara juntamente com a ‘Associação Cultura Jovem’ realizaram um campo de trabalho internacional com o objectivo de fazer um levantamento exaustivo do forno e dos silos.
Posteriormente a Junta de Freguesia construiu o actual núcleo interpretativo no qual se encontra o forno protegido por uma construção e uma réplica do mesmo.
O forno foi construído num maciço de grés, aproveitando o desnível para facilitar o desaterro e nivelamento necessário para instalar a estrutura do forno (fossa de alimentação, conduta, fornalha e câmara de cozedura) e todas as áreas de apoio ao funcionamento do mesmo (depuração do barro e secagem de peças, …). As paredes da câmara de cozedura formam um espaço quadrangular e foram feitas com barro cru encostado contra as faces escavadas na terra tendo uma espessura média de 10cm. A fornalha é formada por três arcos e os buracos entre esta e a câmara de cozedura são criados com a colocação de tijolos postos verticalmente entre os arcos e entre estes e as paredes, conferindo uma grande estabilidade a todo o conjunto.
Este tipo de forno difere dos do tempo dos romanos principalmente pelo facto de estes últimos usarem o formato circular para os seus fornos.
Em anexo fica uma ilustração de um forno medieval sendo de notar o homem que está a olhar para a ampulheta de areia de modo a se controlar o tempo de cozedura das peças. A grande diferença entre o forno da ilustração e o de Alcobertas é que este último é enterrado.
Por incrível que pareça este tipo de forno ainda é usado na cerâmica produzida artesanalmente embora agora seja feito da seguinte maneira:
Cava-se uma abertura rectangular no solo na qual são erguidas as paredes em barro refractário de forma a ter uma secção aproximada de 80cm com a base também revestida com tijolo refractário. A altura mínima da câmara de combustão está entre os 50cm e os 60cm e a câmara de cozedura é normal ter uma altura de 150cm. Entre as duas câmaras faz-se uma placa com ladrilhos refractários perfurados. Após se colocar na câmara de cozedura as peças, o forno é coberto com várias camadas de telhas partidas. Consegue-se assim cozer as peças com temperaturas até 1000ºC.
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