domingo, 18 de abril de 2010

Arco da Memória

Arco da Memória
O Arco da Memória que actualmente existe (reconstrução do original) está situado em Casais da Memória que pertence à Freguesia de Vidais, Concelho de Caldas da Rainha.
Mas Rio Maior tem um lugar que se chama Arco da Memória e que faz fronteira com Casais da Memória. Ora segundo consta o Arco da Memória original estaria no local aonde actualmente existe um depósito de água, que fica somente a uma dúzia de metros mais acima do morro e que já pertence a Rio Maior. O depósito de água encimado por ameias, foi inaugurado a 1 de Novembro de 1980 pelo presidente da câmara de Rio Maior, com o auxílio da Comissão de Melhoramentos dos Casais da Memória.
Mas polémica à parte, pois as divisões administrativas não estragam a boa convivência das duas terras vizinhas e este artigo pretende contar a história que deu o nome a um lugar de Rio Maior.
Segundo se diz, em 27 de Setembro de 1147 vindo o rei D. Afonso Henriques de Coimbra em direcção a Santarém com o objectivo de conquistar o castelo da cidade aos mouros, prometeu doar aos Monges de Cister todas as terras que do local em que se encontrava se conseguia avistar até ao mar, caso fosse bem sucedido. Esta promessa terá sido feita ao Frei Bernardo que o acompanhava.
Estas doações eram necessárias pois o território português era muito despovoado e era importante proteger os territórios conquistados, repovoar estes e incentivar a agricultura.
Com o intuito de delimitar as suas terras e de homenagear o rei, os monges de Cister pertencentes ao Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça mandaram construir diversos monumentos dos quais este arco faz parte. Inicialmente só havia uma estátua mostrando D. Afonso Henriques empunhando a sua espada, mais tarde é que foi construído o arco para suportar a estátua. As dimensões do arco seriam de cinco metros de altura, seis de largura e um de espessura.
Este Arco da Memória é então um dos marcos limites do couto do Mosteiro de Alcobaça, alinhando a Norte com o Arco da Memória (semelhante a este) existente na Serra dos Candeeiros (Porto de Mós) e a Poente com a foz do rio Vau em Salir do Porto.
Há quem diga que estes monumentos foram uma forma de os frades aumentarem o limite das suas terras. O nome 'Memória' dado ao arco é devido de estes arcos servirem para preservar a memória do acontecimento que deu origem à doação das terras aos monges.
Na imagem seguinte, pode-se ver o arco já em situação de eminente colapso. Esta imagem foi retirada do livro 'História de Rio Maior' de Fernando Duarte.

Em 12 de Janeiro de 1911 Republicanos que não concordavam com o regime monárquico destruíram o monumento. Existe também a versão de que nesse dia ocorreu um tremor de terra que destruiu o monumento. Esta destruição coincidiu com a construção da estrada que liga Benedita a Caldas da Rainha e os cantoneiros utilizaram as pedras do monumento que ficaram espalhadas pela encosta para a pavimentação da estrada. A estátua de D. Afonso Henriques foi vandalizada e ficou ao abandono. Mais tarde, Joaquim Martins, um habitante local guardou a estátua e participou essa acção às autoridades que o mandaram levar esta para Caldas da Rainha. Ao chegar a Caldas da Rainha o homem foi multado pois ia na sua carroça sentado em cima da estátua o que foi considerado uma falta de respeito a um símbolo nacional. Posteriormente a estátua foi levada para Leiria pelo engenheiro Afonso Zúquete que dirigia na altura as obras de solidificação do Castelo.
Inicialmente a estátua esteve instalada no claustro do edifício dos antigos Paços Episcopais e actualmente encontra-se num pedestal colocado na margem da estrada de acesso ao Castelo de Leiria.





O Arco da Memória que actualmente pode ser admirado, foi inaugurado em 28 de Junho de 1981. Nele pode ser lida a inscrição ‘O Santo Rei D. Afonso Henriques Fundador de Alcobaça’ que se encontrava no arco original. O pároco de Vidais, Manuel Vitorino da Silva Moreira Fernandes, foi um dos dinamizadores da reconstrução. As famílias de Luis Ferreira e José Martins cederam os terrenos. O projecto é do arquitecto Joaquim Pereira da Silva. O Arco da Memória ficou pertença da Fábrica da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Piedade de Vidais.
De referir que tem havido movimentações para que a estátua do rei D. Afonso Henriques regresse ao seu local original.

As imagens seguintes da reconstrução do arco são do Sr. Filipe Vicente Martins e podem ser vistas em:


Na pedra que se encontra ao lado do arco, pode-se ler:
“Arco da Memória
Casais da memória; Freguesia de Vidais; Concelho de Caldas da Rainha.
Este Arco da Memória assinala a passagem de Rl-Rei D. Afonso Henriques por esta terra à conquista de Santarém e de Lisboa vindo de Coimbra tendo feito segundo se diz em 27-9.1147 um voto de doar ao Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça todas as terras que vão daqui até ao mar caso vencesse. Por isso este Arco da Memória é um dos marcos limites dos coutos do Mosteiro de Alcobaça alinhando a nascente com o outro marco limite o Arco da Serra dos Candeeiros e a poente com a foz do rio Vau em Salir do Porto. Este Arco da Memória era encimado pela estátua de D. Afonso Henriques que se encontra em Leiria próximo do Giverno Civil. Este Arco da Memória ruiu em 12 Janeiro de 1911 e foi reconstruido em 1981 pela Solancis com a preciosa colaboração financeira da população local de várias entidades públicas e privadas. Na presença duma multidão incontável no dia 28 de Junho de 1981 após um cortejo histórico e procissão o páraco de Vidais P.D. Manuel Vitorino da Silva Moreira Fernandes dinamizador desta reconstrução fez a benção solene do monumento e o presidente da Junta de Freguesia de Vidais, Fernando Caetano Colaço inaugurou-o. A Secla associou-se à festividade cunhando uma medalha comemorativa. As famílias de Luis Pereira e José Martins Permitiram a reconstrução cedendo o terreno. Joaquim Pereira da Silva é o arquitecto autor do projecto de reconstrução. Este Arco da Memória é património da Fábrica da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Piedade de Vidais.”


Algumas das pedras originais do arco, ainda se encontram junto ao depósito de água.
 










3 comentários:

  1. Informação muito interessante e importante como "memória".

    Usei alguma da sua informação e imagens para ilustrar um post que fiz:
    http://alvor-silves.blogspot.pt/2013/07/arco-da-memoria.html
    com a devida referência ao seu blog.

    Cumprimentos,
    da Maia

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    1. Boa tarde.
      Parabéns pelo seu post.
      Cumps, Américo.

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    2. Caro Américo,
      eu é que agradeço as informações e felicito pelo seu blog que presta sem dúvida um útil serviço à cidadania.
      Abraço,
      da Maia

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