sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Em 1499 o cortejo de transladação do rei D. João II passou por Rio Maior

Em 1499, passou por Rio maior o cortejo fúnebre de transladação do corpo do rei D. João II.

Este cortejo está descrito no livro “Historia Geral de Portugal Tomo VIII” de 1787.


O corpo do rei D. João II esteve durante 4 anos num caixão na Sé da cidade de Silves e como foi desejo do rei, o seu corpo foi levado para o Mosteiro da Batalha.

Pelo caminho, o cortejo fúnebre passou pela cidade de Rio maior.

 

D. Manuel era primo do rei defunto, D. João II e irmão da anterior rainha D. Leonor. Foi o único rei a subir ao trono sem ser descendente ou parente em primeiro grau do antecessor. Para se mostrar agradecido ao seu antecessor organizou este grande cortejo.

 

O rei D. João II fez o trajeto entre Silves e a Batalha numa anda muito ricamente ornamentada puxada por dois cavalos cobertos de brocados.

No cortejo seguiam: Muitos cantores e músicos (civis e militares) que mantinham uma música agradável; muitos notáveis, fidalgos e clero a cavalo; 80 capelões; bispos e arcebispos; grande comitiva régia apeada.

Com um dia de atraso havia uma outra comitiva que acompanhava o rei D. Manuel.

 




 

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Na década de 80, importante experiência nutricional envolvendo 2 aldeias de Rio Maior.

Na década de 80 do século passado, realizou-se em Rio Maior uma importante experiência sobre o contributo do sal na pressão arterial das pessoas. Esta foi a primeira experiência do género a nível Mundial.

 


Com a coordenação do professor Rose (cientista inglês) e acompanhamento de Fernando de Pádua, pegaram em duas aldeias do Concelho de Rio Maior e numa delas fizeram uma intensa campanha junto da população local para baixar o consumo de sal. Na outra aldeia não se fez nenhuma campanha, sendo somente monitorizado o estado de saúde, de modo a servir de contraprova.

Durante dois anos um grupo de cientistas e técnicos de alimentação acompanhou esta experiência em Rio Maior.

Na altura da experiência, em Portugal consumia-se em média 20 gramas de sal por dia e por habitante, quando a Organização Mundial de Saúde recomendava um consumo máximo de 5 gramas de sal.

O resultado é que conseguiram baixar a pressão arterial da população sob análise numa média de 4 mm hg, o que foi espetacular dado que estima-se que esta redução reduza o número de acidentes vasculares para metade.

Na população de controlo, cuja dieta não foi vigiada, a pressão arterial média da população subiu mesmo nalguns milímetros.

A experiência trouxe ainda outra consequência, pois a população que estava a ser acompanhada mudou mesmo os seus hábitos alimentares e rotinas diárias para uma maneira de viver muito mais saudável.

O artigo de “O Jornal” que está na imagem é de 28 de Fevereiro de 1986.

 


Recentemente foi realizado um estudo no âmbito do Programa Menos Sal Portugal que conclui que a diminuição da ingestão de sal e o aumento da ingestão de potássio, a par da mudança dos padrões alimentares, estão diretamente associados a uma significativa redução da pressão arterial e a potenciais benefícios cardiovasculares. Revelou mesmo que, com a redução da ingestão de sal, os participantes reduziram a pressão arterial (SBP) em 2,1 mm hg. No grupo de indivíduos com maior consumo obteve-se com uma redução do consumo de sal de 0,6gr, uma importante redução da pressão arterial de 9 mm Hg.

Com o ganho obtido com a redução da ingestão de sal muitos doentes podem evitar iniciar medicação anti hipertensora ou conseguir reforçar o efeito de medicação já em curso.

Convém recordar que as doenças cardiovasculares mantêm-se como a principal causa de morte na Europa, sendo responsáveis por 45% de todas as mortes no continente Europeu e 37% nos países da União Europeia (estudo realizado em 2017).

 


Mas quem é o Professor Fernando de Pádua?

Fernando Manuel Archer Moreira de Pádua nasceu em Faro a 29 de Maio de 1927.

Em 1950 foi o melhor aluno da Faculdade de Medicina de Lisboa e realizou na universidade de Harvard (USA) uma Pós-Graduação em Cardiologia.

Esteve 33 anos na Direção de Serviços Hospitalares de Medicina no Hospital de Santa Maria.

Organizou Cursos de Pós-graduação em Geriatria e colaborou noutros de Cardiologia, Bioética, Reumatologia e Diabetes. Em 1997 Recebeu a Medalha de Ouro por Serviços Distintos das mãos da Ministra da Saúde Dra. Maria de Belém.

Fundou e foi presidente da Fundação Portuguesa de cardiologia.

Criou a Fundação Fernando Pádua.

 


terça-feira, 15 de setembro de 2020

Antipapa Bento XIII esteve em Rio Maior em 1382

O Antipapa Bento XIII esteve em Rio Maior em 1382.

 

 

Rio Maior em 1382 foi escolhida para Portugal decidir se apoiaria o Papa de Roma ou o Papa de Avinhão.

Conforme está escrito na página 375 do livro “Brasões Da Sala de Sintra, Volume 2”: 

“Hesitando D. Fernando sobre qual dos papas reconheceria por verdadeiro, convocou em fins do verão de 1382 uma junta de letrados para Rio Maior. Nela compareceu o dr. Gil do Sem, o dr. João das Regras, que pouco havia viera do estudo de Bolonha, e outros jurisconsultos.” 

 


O porquê de ser em Rio Maior reside no facto do Rei D. Fernando estar a residir em Rio Maior nessa altura.

D. Fernando era bisneto de D. Sancho IV de Leão e Castela e envolveu-se em três guerras contra o país vizinho (Guerras Fernandinas), disputando o trono de Castela.

Finalmente em 1382 termina a guerra com Castela pelo tratado de Elvas. Mal o tratado é assinado (9 de Agosto de 1382) o rei D. Fernando dirige-se para os paços de Santarém juntamente com a rainha D. Leonor Teles e o João Fernandes Andeiro. Devido ao rei se encontrar muito fraco acaba por ficar em Rio Maior.

 

Já agora, pode saber mais sobre uma suposta infidelidade entre a rainha D. Leonor e o João Andeiro ocorrida em Rio Maior, em: 

http://rio-maior-cidadania.blogspot.com/2013/07/infidelidade-real-em-rio-maior-sec-xiv.html 

 


Antes de falar do Antipapa Bento XIII é importante perceber o que foram os antipapas e o Grande Cisma do Ocidente.

Um Antipapa é uma pessoa que reclama o título de Papa durante um período em que o título está vago ou em oposição a um Papa legitimamente eleito. Um Antipapa não é uma pessoa que segue uma doutrina contrária à fé da igreja sendo mesmo geralmente apoiados por cardeais. O primeiro antipapa conhecido foi Hipólito de Roma que protestou contra o Papa Calisto I, no ano 235.

Já em 1309 o Papa Clemente V foi levado, sem possibilidade de contestação, pelo rei francês, Filipe, de Roma para residir em Avinhão, na França. Em 1377, o Papa Clemente V morre e em 1378, o novo Papa, Gregório XI, voltou para Roma onde faleceu pouco depois. Foi então eleito Urbano VI, que tornou-se num papa muito autoritário, de modo que uma quantidade considerável do Colégio dos Cardeais anulou a sua votação e foi realizado um novo conclave. Foi eleito Clemente VII, que passou a residir em Avinhão. Inicia-se assim o Cisma, em que o Papa residia em Roma e o Antipapa residia em Avinhão.

Ainda surgiu, mais tarde, um outro Antipapa em Pisa. O Grande Cisma terminou no Concílio de Constança em 1417, quando o papado foi estabelecido definitivamente em Roma.

 


Durante o Cisma, as nações dividiram-se entre as que apoiavam o Papa e as que defendiam o Antipapa.

 


Quando se dá o Grande Cisma, em 1378, Portugal apoia o Papa de Roma.

Já em 1979, como Portugal estava em paz com Castela e apoiando Castela o Antipapa de Avinhão, o rei também passou a apoiar o Antipapa de Avinhão.

Em 1381, a aliança com Inglaterra foi renovada e Portugal passou a apoiar novamente o Papa de Roma.

Em 1382 com o fim das Guerras Fernandinas, o rei D. Fernando volta a apoiar o Antipapa de Avinhão.

Estas constantes mudanças de apoio, valeram ao rei D. Fernando o cognome de o Inconstante.

Já em 1385 e sendo D. João I rei de Portugal, o reino passa a apoiar o Papa de Roma.

 

Voltando ao Antipapa Bento XIII.

Antes de ser eleito antipapa a 28 de Setembro de 1394, Bento XIII, foi batizado como Pedro Martínez de Luna. Nasceu em 1328 em Aragão e em 1375 ganhou o título de cardeal de Santa Maria in Cosmedin.

Em 1382, Pedro de Luna foi enviado por Clemente VII a Portugal, a solicitar a D. Fernando que reconhecesse Clemente VII como Papa. O Papa de Avinhão já era reconhecido oficialmente por Castela, França, Escócia, Sicília, Aragão e Navarra.

 

… Estando D. Fernando em Rio Maior, veio ter com ele o cardeal de Luna e rogou-lhe que tornasse a dar obediência a Clemente VII, como o fizera antes da vinda dos ingleses. O monarca, ouvidos os letrados do reino e contra o parecer de todos, determinou reconhecer a legitimidade do papa de Avinhão.

 

A presença do cardeal D. pedro de Luna é atestada em Rio Maior a partir de meados de Novembro de 1382.

O Antipapa espanhol sucedeu a Clemente VII, continuando assim o Cisma com um pontificado em Avinhão em colisão com o Papa de Roma, Bonifácio IX.

 

A corte portuguesa esteve sediada em Rio Maior por alguns meses. Para albergar a corte e todas os emissários em Rio Maior, a região teria obrigatoriamente de possuir boas condições humanas e de edificado. Este é um tema que deveria merecer uma investigação mais profunda.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Rio Maior em indicadores

Após ler o artigo de opinião no “Mais Ribatejo” de 20 de Agosto deste ano com o título “Santarém deixa os jovens muito aquém”, decidi ver as fontes do artigo e tentar perceber a situação específica de Rio Maior.

O artigo pode ser lido em: 

https://maisribatejo.pt/2020/08/20/santarem-deixa-os-jovens-muito-aquem/ 

 

Os dados genéricos são os seguintes


 

Para se ter dados mais concretos, recorri ao site dos Municípios: 

https://www.pordata.pt/Municipios 

 

Existe muita informação neste local da internet para ajudar na tomada de decisão.

Percorrendo alguns dos dados lá existentes podemos colocar a informação em gráficos.

1- População residente.


Verifica-se que a tendência em Rio Maior segue a mesma tendência nacional.

 

2- Taxa de natalidade.


A taxa de natalidade bruta em Rio Maior também segue a tendência nacional.

Verificou-se um valor mínimo entre os anos de 2012 e 2014, mas nos últimos anos tem-se verificado um ligeiro aumento na taxa de natalidade.

 

3- Nível de escolaridade.


Também na escolaridade Rio Maior segue a tendência nacional.

Houve uma grande diminuição do número de pessoas sem escolaridade e um aumento nomeadamente das pessoas com ensino superior.

 

4- Poder de compra.


Tendo como base o poder de compra nacional, os habitantes de Rio Maior tem tido uma ligeira melhoria ao longo dos últimos anos.

 

5- Edifícios.


Sobre os imóveis, no Município de Rio Maior têm-se verificado um aumento dos edifícios residenciais, mas uma forte diminuição nos não residenciais. O mesmo acontece a nível nacional.

 

6- Criminalidade.


Mais uma vez, a tendência de Rio Maior segue a tendência nacional.

Nunca é demais salientar o elevado número de ocorrências de violência doméstica.

 

7- Taxa de desemprego.


A evolução da taxa de desemprego é semelhante à evolução ocorrida a nível nacional.

De salientar a maior taxa desemprego (relação entre as pessoas desempregadas e as com emprego) no feminino.

 

8- Salários.


Neste aspeto tem de se salientar que a média dos salários em Rio Maior é inferior á média nacional.

Para os jovens que pensam não valer a pena estudar, de salientar que como é normal, os salários médios sobem conforme sobe a escolaridade das pessoas.

 

9- Cultura – Equipamentos.


No que respeita ao acesso que os munícipes de Rio Maior têm à cultura, a região não fica nada bem. Este é um ponto que deveria merecer uma grande atenção dos responsáveis autárquicos pois falta um pouco de tudo, tanto em quantidade como em qualidade. Sabe-se também que este não é um assunto fácil de gerir.

 

10- Investimento em atividades culturais.


No que a investimento em atividades culturais, nota-se que mais de metade vai para atividades desportivas. O desporto é importante, mas há muito mais para além da atividade física.

Em abono de verdade tem-se que ter cuidado ao analisar esta rúbrica pois os últimos dados são de 2012.