quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Balança na Igreja de Arrouquelas


Na Igreja de Arrouquelas existe uma balança. Esta balança está fixa à parede numa ala que se encontra no lado direito da nave principal da igreja. 
A haste principal desta balança que se encontra presa à parede é bastante antiga sendo os pratos de madeira uma reconstrução dos originais. 

O interessante nesta balança é a razão da sua existência. 
A balança poderia servir numa altura em que os pagamentos à igreja eram principalmente em géneros. Os pagamentos à igreja poderiam passar por simples ofertas, pagamento de indulgências ou mesmo o dízimo. 



Mas esta balança tem outro propósito. 
Existe a lenda de uma aparição Mariana nos campos de Arrouquelas da qual ficou a imagem de Nossa Senhora da Encarnação que ainda existe na igreja. Perdeu-se a origem desta pequena estátua, sabendo-se apenas que é muito antiga. 
No entanto esta imagem foi sempre muito procurada pelos prodígios e graças consedidas a quem a ela recorre. A prova destes milagres pode ser comprovada pela fé das pessoas que deixaram muitas e variadas ofertas nesta igreja. 
Uma das manifestações divinas mais frequentes acontecia às crianças com problemas.
Para as crianças ficarem sãs e livres de qualquer mal deveria ser oferecido a nossa senhora o equivalente em trigo ao peso do jovem. Para isso servia a balança. 


Esta história está registada no seguinte documento muito antigo.


Pode saber mais sobre a Igreja de Arrouquelas em: 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Medalha aos soldados da I Grande Guerra da Marmeleira

A I Grande Guerra foi bastante dura para os Portugueses. Foi uma guerra muito centrada na Europa, que começou em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918.


A medalha aqui mostrada foi gentilmente cedida por Jorge Soares. 
É uma medalha do grande escultor português João da Silva que na altura, 1919, se encontrava a trabalhar em Paris. É uma muito rara medalha de prata de 30mm, com 8,5 gramas (com o aro de suspensão). 

Esta medalha foi atribuida aos militares da Vila da Marmeleira que combateram na I Grande Guerra. 
Na frente da medalha pode-se ver uma imagem panorámica da Vila da Marmeleira com a igreja em destaque e com os dizeres “A Grande Guerra 1914-1918”. Também se pode observar a assinatura do escultor “J. Silva” e a data “Paris 1919”. 
No verso pode-se ler “A Marmeleira Reconhecida Aos Seus Filhos Combatentes”. 

Atualmente a igreja da Vila da Marmeira dedicada a São Francisco de Assis tem um formato diferente do da medalha, mas esta foi alvo de obras profundas que terminaram em 1945. 

Após a I Grande Guerra a Vila da Marmeleira realizou uma homenagem aos seus heróis e deve de ter sido nessa iniciativa que as medalhas foram distribuídas. 

Sobre o envolvimento de Portugal na I Grande Guerra: 
Apesar de Portugal no início ser neutral, os primeiros soldados a serem enviados para a guerra foram para proteger as fronteiras das ex-colónias africanas contra os avanços alemães, em 1914. De notar que a revolução republicana era recente (5 de Outubro de 1910) e que havia um certo interesse na classe política da altura em participar na guerra. 
O primeiro passo para o envolvimento formal de Portugal na I Guerra Mundial foi a publicação de uma lei, no início de Fevereiro de 1916, em que a Republica Portuguesa poderia requisitar qualquer bem indispensável à defesa nacional. O segundo passo foi a 23 de Fevereiro de 1916 em que Portugal tomou posse de 38 navios alemães que se encontravam ancorados em Lisboa (ao todo foram 72 navios que se encontravam ancorados em todo o território nacional incluindo Angola e Moçambique). A passagem de muitas das embarcações apreendidas por Portugal para as mãos inglesas levou à entrega a 9 de Março de 1916 da declaração de guerra alemã. 
Em 1917, as primeiras tropas do Corpo Expedicionário Português partiam para a Europa, principalmente para a zona da Flandres. 
De notar que o Corpo Expedicionário Português esteve menos tempo na guerra que os seus aliados ingleses, franceses e russos, mas passou muito mais tempo na linha da frente da guerra que estes, causando um elevado número de baixas e forçando cada soldado a um grande desgaste físico e psicológico. 
Depois do inferno das trincheiras, para muitos dos que sobreviveram veio a dificuldade dos campos de prisioneiros. Na catástrofe da ofensiva alemã de 9 de abril de 1918 (Batalha do Lys), mais de 6.500 militares portugueses ficaram prisioneiros. Estes prisioneiros passaram por más condições no cativeiro e depois do Armistício sofreram do abandono a que o Estado Português os deixou. 
Portugal, no esforço da guerra, mobilizou quase 200 mil homens e morreram quase 10 mil homens ficando milhares feridos. A guerra teve custos económicos e sociais graves, muito superiores à capacidade nacional da altura.