quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Estrada Real de Rio Maior a Leiria


Durante o reinado de D. Maria I de Portugal (de 24 de Fevereiro de 1777 a 20 de Março de 1816), devido às estradas do reino encontrarem-se em muito mau estado, foi objeto de atenção real a requalificação das estradas, nomeadamente da estrada que liga Rio maior a Leiria.
Fica neste artigo uma resenha de pequenos trechos do alvará emitido em 1791 para a realização da obra, aos quais juntei alguns comentários.

Da coleção da Legislação Portuguesa, existe o item 28 de 1791 que é interessante e é o “Alvará regulando as obras da estrada de Lisboa a Coimbra, e Porto, e do encanamento do Mondego”.
Então, a partir da página 10 pode-se ler: 

“.. Ordeno, que além de outras Obras da maior importancia, de que agora o mando encarregar, promova apportunamente o complemento da Estrada até á dita Serra de Rio Maior, para que ella se solide, e uniforme com a que do dito Lugar em diante, até á Cidade do Porto, mando construir debaixo das Regras, Methodo, e Plano geral, que tenho approvado, e vai a pôr-se em prática. …” 
Aqui se pode denotar a importância de Rio Maior nas ligações entre o Norte e o Centro de Portugal. 



“… Ordeno, que se proceda ao alinhamento desde o fim da Serra de Rio Maior, até á Cidade do Porto, examinando-se, e ratificando-se o que já ha; …” 
“… Este alinhamento se deverá fazer com conhecimento do Terreno, para que se pratique com commodidade, utilidade, economia, …” 
“… Ordeno, que a dita Estrada geral seja construída na largura de quarenta palmos livres, além do Terreno que devem occupar os Muros, ou Socalcos, e os Fossos dos lados necessarios para a sua segurança, e duração.” 
“… Ordeno, que o Methodo da Construcção seja o mesmo, que com notória utilidade se principiou a executar na Estrada de Guimarães para o Porto.” 
“… Ordeno, que no alinhamento se prefirão as linhas rectas, que incurtem os Caminhos algumas curvas, que ou facilitem a Construcção, ou salvem Fazendas consideraveis, ou fação commodidade aos Viandantes, e Transportes, pela abundancia da Agua, que faltaria na outra direcção, …” 
Por o aqui descrito, dá para notar uma preocupação com a comodidade dos utilizadores da estrada e com a manutenção da mesma.  Foi com o reinado de D. Maria I que a preocupação com o bem público começou a ser o motivo dos melhoramentos das vias pois até à data as intervenções eram essencialmente para facilitar os passeios da Família Real.
Com a referência da estrada de Guimarães ao Porto denota-se já uma procura pelas boas práticas e na cópia destas para as novas obras.
Interessante é a definição da largura das estradas (40 palmos são aproximadamente 4 metros).
É também muito interessante a preferência pelos caminhos que passem perto de fontes de água, bem muito precioso para os viajantes. 


“… Em beneficio da mesma Conservação das Estradas, Tenho Ordenado o Modelo para as rodas dos Carros, e que depois de estabelecidas as Barreiras, se arbitre com differença a Imposição sobre os Carros, que transitarem, de maneira que paguem mais, os que conservarem o antigo Modelo, tão ruinoso, e prejudicial: …” 
Esta parte também é muito interessante, pois já no século XVIII havia portagens e com valor diferenciado consoante o modelo do veículo que aí passa-se. 



“… Terá o Superintendente cuidado em fazer bordar as Estradas com as Arvores proprias do Terreno, plantando-as na distancia, que lhe parecer, assim a respeito da Estrada, como de humas a outras. Igualmente terá cuidado em notar os Sitios, em que seja necessario, ou cómodo, construir Casas, em beneficio dos Viandantes.” 
Interessante o cuidado de plantar arvores para dar sombra a quem viaja e de locais de repouso.

Para o delinear da Estrada Real desde Rio Maior até Leiria, foi ordenado o levantamento topográfico do terreno, usando como pontos de referência, castelos, igrejas e outros pontos relevantes. Um dos responsáveis por este levantamento topográfico foi Conrad Heinrich Von Niemeyer, tetravô do arquiteto brasileiro Óscar Niemeyer considerado uma das figuras influentes no desenvolvimento da arquitetura moderna e conhecido pelos projetos de edifícios cívicos de Brasília.

Pode saber mais sobre a Casa da Muda no Alto da Serra, em: 

sábado, 13 de dezembro de 2014

Fonte de São João no Alto da Serra


No alto da Serra existe a fonte de S.João.


A bica de água tem por cima um azulejo alusivo a S. João Batista e uma pedra gravada com “Comissão Melhoramentos do Alto da Serra 1-7-72”.
Foi precisamente a 1 de Julho de 1972 que esta fonte foi inaugurada, com a inauguração da água canalizada no Alto da Serra. Pode saber mais sobre este evento em: 

Interessante é a pedra datada de 1926 que se encontra sobre a fonte.

Esta pedra imortaliza uma história de luta e sofrimento ocorrida neste local da Quinta da Várzea.
ALTO DA SERRA; CASAL DE JOAQUIM DA VARZEA; ANO DE 1926
ESTE CASAL PERTENCEU A JOÃO SEBASTÃO DA SILVA HOMEM HONRA-
DO TRABALHADOR INCANSAVEL CHEGOU A PESSUIR MUITAS PROPRIEDA-
DES GRANGEADAS PELO SEU TRABALHO HONESTO MAS MUITO INFELIZ SO-
FRENDO DESGOSTOS MORTANDADE DE GADOS DOENÇAS LUTANDO SEMPRE
COM DIFICULDADES VALENDOLHE O SEU CREDITO E SEUS AMIGOS. JA VELHO
DOENTE E CANSADO VENDEU A SEU NETO JOAQUIM CRISOSTIMO FERREIRA
NASCIDO NA QUINTA DA VARZEA CASADO COM A INFELIZ MARIA MARCELINA
FERREIRA FALECIDA A 8-12-1920 COM 30 ANOS DE IDADE DEICHANDO DUAS
FILHAS CONCEIÇÃO E MARIA DE DE 5 E 3 ANOS. CASADO 2ª VEZ
COM ENGRACIA PEREIRA MENDES QUE SE ENCONTRA DOEN-
TE HÁ 11 MESES. OUTROS AZARES TEM TIDO MAS A BOAVON-
TADE DE VENCER POI-NO A CIMA DOS OBSTACULOS DA VIDA.
FEZ JOSE AUGUSTO ROSADO

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Coreto em Fonte da Bica


Em Fonte da Bica, na Travessa do Arraial, existe um bonito coreto.

Este coreto está inserido num dos cantos de um simpático pátio que funciona também como miradouro. O pátio tem a superfície calcetada e possui diversas floreiras e bancos.

Do coreto tem-se uma vista privilegiada para as elevações dos casais das Marinhas.
Toda a estrutura do coreto é metálica, incluindo o chapéu, os 8 postes, gradeamento e escada. Na base cujo piso é em pedra existe uma zona de arrumos com acesso por uma porta lateral.



Como a travessa do Arraial tem um declive acentuado, existe uma entrada na zona inferior que se faz atravessando um arco em pedra. Do arco partem duas escadarias para se aceder ao pátio.

Este é um excelente equipamento público que pode permitir dinamizar ainda mais a Fonte da Bica.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Fonte em Pé da Serra


Na Rua da Fonte, Pé da Serra, existe mais uma bonita fonte.

A Junta de Freguesia de Rio Maior realizou melhoramentos nesta fonte em 1995.

A bica de água é ladeada por dois bancos corridos. A parede de fundo possui uma facha de azulejos com desenhos geométricos por cima dos bancos e ao centro um painel de azulejos com motivos campestres alusivos à recolha de água.
Pena é a presença de um contentor de lixo mesmo ao seu lado.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Fonte em Vale da Laranja


Em Vale da Laranja, Rio Maior, existe uma velha fonte.
Esta fonte encontra-se mesmo na berma da Rua Principal que liga a Fonte da Bica a Alcobertas.



Esta velhinha fonte de duas bicas está em muito mau estado de conservação.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Fonte na Senta


Na Senta, Rio Maior, existe uma antiga fonte.

Esta fonte encontra-se num recanto do povoado e ainda conserva uma pia para lavar e uma pedra para esfregar/bater a roupa.

A ladear a bica de água encontram-se dois bancos corridos.
Na parede de fundo da fonte e por cima de um painel de azulejos alusivo à aparição Mariana em Fátima, existe uma placa com a data de 1893 (Obra Pública).

A fonte foi restaurada em 1997 pela Junta de Freguesia de Rio Maior.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O Rio Maior na Cidade


Hoje proponho fazer uma pequena visita a alguns pontos de interesse do rio Maior na cidade de Rio Maior.

O rio dificilmente se consegue ver ao atravessar a cidade, mas passa mesmo perto do centro desta e com alguns lugares de incrível beleza e harmonia.

Vale a pena aos riomaiorenses despenderem um pouco de tempo para conhecerem melhor este rio que ao atravessar a cidade ainda conserva muita da sua pureza, havendo peixes e aves a usufruir da sua frescura.
Vale a pena aos responsáveis autárquicos refletir de como se pode devolver o rio à população e com isto trazer mais pontos de lazer, dinamizando o turismo e a economia.
 Rio Maior (1)
 Rio Maior (2)
 Rio Maior (3)
 Rio Maior (4)
 Rio Maior (4)
 Rio Maior (5)
 Rio Maior (6)
 Rio Maior (7)
Faz todo o sentido juntar o rio ao património de Rio Maior. 

 Villa Romana (A)
  Villa Romana (A)
  Casa Senhorial e Igreja da Misericórdia (B)
 Igreja Matriz (C)
 Paços do Concelho (D)
 Cineteatro (E)
 Estádio Municipal (F)
 Pavilhão Multiusos (G)
 Mina do Espadanal (H)

E ainda fica muito por descobrir...

Pode sabr mais sobre o Rio Maior, em: 
http://rio-maior-cidadania.blogspot.pt/2010/01/o-rio-maior.html

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Fonte em Casais Monizes


Em Casais Monizes existe uma agradável fonte de água, mesmo ao lado do Clube Motard Montanelas.

A fonte é ladeada por dois bancos corridos que terminam em duas floreiras. Todo o conjunto está coberto com pedra.
A meio existe um bonito painel de azulejos. 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Antigo Matadouro Municipal de Rio Maior


O Matadouro foi inaugurado a 24 de Fevereiro de 1935, sendo considerado na altura uma das obras importantes para o Município de Rio Maior.

As obras começaram em 1932 em simultâneo com as obras para a nova estação dos correios de Rio Maior. A proximidade do rio Maior que lhe corre nas traseiras não era inocente, pois nessa altura as preocupações ecológicas não eram tão importantes como a facilidade em escoar resíduos. Isto era prática corrente, sendo este matadouro considerado um dos mais evoluídos entre os que existiam em Portugal.
Em 1957 deixou de ter razão de existir este matadouro, com a inauguração do Primeiro Matadouro Regional de Portugal em Rio Maior, por iniciativa de Marcolino Nobre. Em 1962 foi constituída a sociedade “Indústrias de Carnes Nobre, Lda”.

Hoje o matadouro já não existe tendo sido demolidas as suas instalações. Ainda podem ser observadas as duas casas que lhe serviam de suporte.
Uma das casas serve como posto para o veterinário de Rio Maior e o espaço do pátio é ocupado como garagem das camionetas de carreira.
O nome da rua que lhe passa à porta não deixa enganar, pois é a Rua do Matadouro.

domingo, 9 de novembro de 2014

Escultura na rotunda de Casais Monizes


Foi no passado dia 6 de Novembro de 2014 (Celebração do 178º aniversário do Concelho de Rio Maior) inaugurada a requalificação da Rotunda de São Sebastião em Casais Monizes.

A peça em destaque nesta rotunda é a escultura “Ingénua, Eterna Magia” da escultora italiana Antonella Tiozo.
Esta obra foi uma das esculturas expostas no Jardim Municipal de Rio Maior, realizada em Setembro de 1993, para a VI Semana da Pedra do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.
Na inauguração estiveram presentes, entre outros, Isaura Morais, Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior e João de Deus Ferreira, Presidente da Junta de Freguesia de Alcobertas.

Na base da escultura existe ainda parte de um poema “existe um pedaço de pedra no Céu que domina todas as águas...”

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O rio Maior nos mapas


O Rio Maior é um curso de água que nasce na Serra dos Candeeiros, nas “Bocas” (Rio Maior) e desagua no rio Tejo, perto de Azambuja.
Ao longo do seu percurso o rio Maior é também chamado de Vala da Asseca, Ribeira da Asseca, Vala da Azambuja e Vala Real.
Atualmente o percurso do rio Maior é de cerca de 70 quilómetros.

Antigamente o rio Maior desaguava no rio Tejo entre Santarém e o Cartaxo, provavelmente perto de Carneiras.
No século XVIII o rio Maior foi desviado para a Vala Real de Azambuja, mandada construir por ordem do Marquês de Pombal. As obras começaram no reinado de D. José I e foram concluídas no reinado de D. Maria I. Esta vala é navegável em cerca de 17km e antigamente permitia a passagem de barcos de 30/35 toneladas que escoavam os produtos da região para Lisboa e permitia também o transporte de pessoas.

Desde o primeiro mapa de Portugal feito por Fernando Álvaro Seco, em 1561, decidi ver como o percurso do rio Maior foi representado ao longo do tempo até finais do século XIX.
Para facilitar a identificação do rio Maior, clareei a zona em que ele é representado.
É interessante observar como o local em que o rio Maior desagua no rio Tejo muda. Claro que é necessários compreender que os mapas mais antigos eram pouco precisos.
 1561 - Mapa de Fernando Álvaro Seco
 Mapa realizado com base no 1º mapa
 1613-1664 Mapa de Apud Joannem Janbonnium
 1640 Carta da Correição de Santarém
 1640-1679 Mapa de Visscher Nicolaus
 1663 Mapa de Sanson e Nicolas
 1720-1756 Mapa de Seutter e Mathäus
 1736 Mapa de Homann e Joahann Baptist
 1751 Mapa de Robert de Vagondy e Giles
 1800 - Mapa de Homannischen Erben e Franz
 1801 Mapa de Cary e John
 1829 Mapa de Hall e Sidney
1883 Mapa de Letts e Son and Co. 

Pode saber mais sobre o rio Maior, em: 
O rio Maior, da nascente até à cidade de Rio Maior. 
Sobre o curso do rio Maior: