quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Villa Romana de Rio Maior


Em Rio Maior temos vestígios de uma Villa Romana com reconhecida importância a nível nacional e internacional, mas que poucas pessoas de Rio Maior conhecem devido ao facto de os achados serem de difícil consulta pública. A principal zona de escavação desta Villa situa-se dentro de um pavilhão vizinho ao cemitério.
Pelo material arqueológico encontrado pode-se datar a ocupação da Villa Romana entre os séculos I e V. Administrativamente o local pertenceu à Civitas de Scallabis. O último estádio da Villa deve-se situar entre os séculos IV e V culminando a quando das convulsões que marcaram o Baixo-Império com o fim do paganismo promovido por Teodósio (último líder de um império Romano unido). Não existem achados cristãos nas escavações, embora uma telha encontrada tenha o símbolo cristão conhecido como monograma de Cristo.
A Villa Romana deveria ter sido a casa de um importante senhor romano, normalmente um magistrado. Era uma grande quinta principalmente agrícola mas que também se deveria dedicar à produção de sal, fabrico de cerâmica e tecelagem.
As cidades romanas mais perto seriam a Scallabis (Santarém), Collipo (Leiria) e Eburobritium (Óbidos).
Os achados não são mais abundantes principalmente por 4 razões:
- Não ter havido ainda uma investigação sistemática a toda a zona.
- Como os terrenos são férteis têm sido usados para agricultura e as máquinas provocaram estragos significativos.
- O cemitério está implementado numa zona abrangida pela villa.
- A zona já foi usada como pedreira e todas as pedras das paredes foram removidas levando tudo o que lhe é associado incluindo estátuas.
Mesmo assim os achados são muito relevantes principalmente a estátua da Ninfa de Rio Maior encontrada no recinto e actualmente exposta na Casa Senhorial e os mosaicos de inigualável beleza.
A Ninfa é uma estátua esculpida em mármore proveniente de Estremoz que representa um corpo feminino em repouso e que servia como fontanário, vertendo a água pelo vaso situado sob a mão esquerda.


A área já investigada pertence à parte urbana que compreende a casa do proprietário e suspeita-se que na zona tenha de existir o templo, zona de banhos, armazéns, casa de escravos, …
As dependências postas a descoberto são todas pavimentadas com mosaicos apresentando figuras geométricas ou temas naturais. Os mosaicos estavam impregnados em calcário provenientes do solo que os cobria que apesar de ter dado bastante trabalho a remover de modo a se poder apreciar as figuras que formam e a sua verdadeira côr, foi excelente para manter o seu bom estado de conservação.


Existe um pormenor curioso a um canto da divisão que se pensa ser a sala de jantar que é o vomitório (local usado pelos Romanos nas suas orgias gastronómicas para poderem continuar a comer)
A ‘jóia da coroa’ é uma figura representativa de uma concha com um gradiente de cores impressionante. Estas cores dos mosaicos eram conseguidas submetendo as pedras a diferentes temperaturas.
Existe mais espólio recolhido na zona de escavações e também exposto na Casa Senhorial como fragmentos de estuque pintado, pedra esculpida, restos de estátuas, cerâmicas, vidros,…





Existe uma construção anterior à actual Villa que foi revelada pela deformação que o piso sofreu. Fazendo prospecções na zona apareceu efectivamente partes do edifício primitivo.
Existe um importante estudo sobre os mosaicos da Villa Romana de Rio Maior efectuado pelo Instituto Português de Arqueologia que pode e deve de ser consultado em:

Urge proteger toda a zona envolvida na Villa Romana e criar um edifício de protecção de construção mais definitiva e dignificante de modo a se preservar estes achados até porque só uma pequena parte é que se encontra dentro do pavilhão, como se pode observar pelas seguintes fotografias.



Para terminar fica uma imagem da Villa Romana enquanto ainda decorriam as primeiras escavações (sem o pavilhão de protecção).

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